23 novembro 2011

CHEVRON: VAZAMENTO DE ÓLEO NA BACIA DE CAMPOS - Nº 9

Agência Brasil: ANP suspende operações da Chevron em território nacional (23/11/11)

Brasília - A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) determinou hoje (23) a suspensão das atividades de perfuração da Chevron no Campo de Frade, “até que sejam identificadas as causas e os responsáveis pelo vazamento de petróleo e restabelecidas as condições de segurança na área”
Segundo nota da ANP, a deliberação suspende toda atividade de perfuração da Chevron do Brasil no território nacional.
A agência também rejeitou pedido da concessionária para perfurar novo poço no Campo de Frade com o objetivo de atingir o pré-sal. A ANP entende que “a perfuração de reservatórios no pré-sal implicaria riscos de natureza idêntica aos ocorridos no poço que originou o vazamento, maiores e agravados pela maior profundidade”.
Ainda segundo a ANP, a decisão “se baseou nas análises e observações técnicas da agência, que evidenciam negligência, por parte da concessionária na apuração de dado fundamental para a perfuração de poços e na elaboração e execução de cronograma de abandono, além de falta de maior atenção às melhores práticas da indústria”. (Agência Brasil)

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Agência Brasil: TCU quer apurar responsabilidades da ANP e da Petrobras no vazamento de óleo pela Chevron - Stênio Ribeiro (23/11/2011) 

Brasília – O Tribunal de Contas da União (TCU) aprovou hoje (23), em caráter de urgência, pedido do ministro Raimundo Carreiro, para que técnicos do tribunal realizem auditoria para verificar eventuais responsabilidades da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e da Petrobras no vazamento de petróleo no Campo de Frade, na Bacia de Campos, explorado pela empresa Chevron.
O pedido de auditoria foi motivada pelo fato de a Chevron não ter identificado o problema e nem cumprido ações de contingência, previstas para esse tipo de ocorrência, de acordo com o ministro Carreiro. O TCU quer saber como é feita a fiscalização sobre planos de emergência das empresas petrolíferas, a cargo da ANP. 
O TCU também vai verificar na Petrobras se existe previsão contratual de ressarcimento das despesas da estatal com ações decorrentes do acidente, além de ouvir a empresa sobre os cuidados adotados para que as petrolíferas parceiras exerçam condições efetivas de detecção e de resposta a acidentes ambientais.
O objetivo, segundo comunicado do TCU à ANP e à Petrobras, é prevenir, detectar e responder rapidamente a eventuais desastres provocados pela extração de petróleo e de gás no mar, uma vez que acidentes desse tipo trazem danos ambientais de difícil reparação, além de prejudicarem a imagem do Brasil.
O comunicado do TCU assegura, ainda, que é "urgente a necessidade de aprimoramento e de garantia de efetividade dos meios de prevenção de acidentes ambientais dessa natureza, bem como dos respectivos planos de contingência, especialmente quando se trata da exploração de petróleo por empresas privadas". (Agência Brasil)

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Projeto Nacional: Chevron: “o nosso negócio é o risco” - Fernando Britto (23/11/11)

Ali Moshiri, diretor da Chevron, vetou os planos de estudos mais demorados feitos pela equipe técnica no Campo de Frade .
Alguém quer entender porque uma companhia com a capacidade técnica – que ninguém nega – poderia ter assumido deliberada e irresponsavelmente riscos técnicos na perfuração do poço que vazou no Campo de Frade?
É só ler o artigo publicado em 2008 pelo Wall Street Journal, que citei no blog Tijolaço para explicar o reaproveitamento - com um baita desconto – de uma sonda descrita pelo jornal como obsoleta.
Nele, o repórter Russel Gold dá voz para o sr. Ali Moshiri, dirigente da empresa para a África e América Latina, dizer como pretende fazer a exploração do campo.
Russell conta que a Chevron, sob seu comando, trabalhou com a concepção de um plano de desenvolvimento de baixo custo para o campo.
“A equipe (técnica) de Frade queria perfurar mais poços para entender melhor o reservatório de óleo. Mr. Moshiri travou-a. O plano era muito caro e demorado. Ele apoiou um (outro) plano para perfurar menos, poços mais simples e mais baratos.” (The Frade team wanted to drill more wells to better understand the oil chamber. Mr. Moshiri put his foot down. The plan was too expensive and time-consuming. He backed a plan to drill fewer, simpler and less-expensive wells.)
E como Moshiri explica isso?
” O plano original da Chevron era perfurar cerca de metade dos 19 poços planejados, começar a produzir petróleo, então, estudar os dados de produção por 18 meses antes da perfuração dos poços restantes”. (Chevron’s original plan was to drill about half of the planned 19 wells, begin producing oil, then study production data for 18 months before drilling the remaining wells.)
“Mas, como os geólogos da Chevron o aconselhavam a ir devagar, Mr. Moshiri decidiu, em meados de 2005 fazer uma aposta grande no Frade. Eles iriam furar os poços, um após o outro sem interrupção. Era o equivalente na indústria do petróleo a ir “all-in” (sem fichas suficientes) em uma mão de pôquer”.
“Esse é o nosso trabalho, de correr riscos e ousar”, disse ele.”(But as Chevron geologists counseled moving slowly, Mr. Moshiri decided in the middle of 2005 to place a big bet on Frade. They would drill all the wells, one after another without a break. It was the oil industry equivalent of going all in with a poker hand. “That is our job, to take risks and push the envelope,” he says.)
Dá para entender, depois disso, em que contexto trabalhava a equipe da Chevron quando ocorreu o “erro de cálculo”. E o que significava o risco que Mr. Moshiri disse ser o seu trabalho. (Projeto Nacional)

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