28 novembro 2011

PÚTIN LANÇADO CANDIDATO À PRESIDENTE DA RÚSSIA

Cerca de 11 mil afiliados do partido Rússia Unida, acompanhados por aproximadamente mil jornalistas, participaram neste domingo, 27, da convenção partidária que indicou oficialmente o nome do Primeiro-Ministro Vladimir Putin a concorrer ao pleito de 4 de março de 2012, que vai eleger o presidente da Federação Russa.

"Cada cidadão russo conhece o líder de nosso partido, Vladimir Putin, e ele é, sem exagero, o mais respeitado político da Rússia", afirmou aos seus partidários reunidos no Complexo Esportivo Luzhniki o secretário do Conselho Geral do Rússia Unida, Sergei Neverov.

O Complexo Esportivo Luzhniki, em Moscou, na convenção do partido Rússia Unida que indicou Vladimir Putin para concorrer à Presidência do país

A campanha presidencial começou oficialmente no sábado, 26, e as eleições estão marcadas para 4 de março de 2012.

Em meados de outubro, em outra grande reunião do partido Rússia Unida, o Presidente Dmitri Medvedev e o Primeiro-Ministro Vladimir Putin anunciaram seus destinos políticos. Medvedev lançou o nome de Putin para a Presidência, e este revelou que Medvedev seria candidato nas eleições parlamentares de 4 de dezembro e, eleito, se tornaria primeiro-ministro. [1]


Medvedev considera Pútin o político mais respeitado da Rússia - Russia Today (1/10/2011)

Dmítri Medvedev explicou que desistiu de se candidatar à presidência porque Vladímir Pútin tem melhores colocações em pesquisas da opinião pública. Mesmo assim, o presidente não considera que os resultados das eleições legislativas e presidenciais sejam predeterminados.

Foto: Reuters
Em uma entrevista aos diretores de três grandes canais de televisão russa, Dmítri Medvedev disse que sua decisão de não concorrer às eleições presidenciais foi motivada pelo fato de achar que Vladímir Pútin e ele professam o mesmo credo político, representam uma mesma força política, ou seja, o partido Rússia Unida, e que Vladímir Pútin é o político mais respeitado na Rússia e tem melhores colocações nas pesquisas.

Uma semana após o Congresso do partido Rússia Unida, em que Vladímir Pútin saiu novamente candidato às eleições presidenciais de 2012, Dmítri Medvedev quis explicar sua desistência. Sua proposta ao Congresso de apoiar a candidatura de Vladímir Pútin foi ovacionada de pé. “Esses aplausos me dão o direito de não explicar o quão experiente e respeitado é Vladímir Pútin”, disse Medvedev.

O presidente disse não encontrar diferença entre sua linha política e a de Pútin: “Assumimos posições muito próximas sobre a maioria das questões de importância estratégica, para não dizer sobre todas as questões estratégicas e também táticas do desenvolvimento do país”. Por essa razão, segundo Medvedev, surgiu a questão de quem vai dirigir o país nos próximos seis anos.

Os dois líderes políticos que representam uma mesma força política decidem entre si o que cada um deles vai fazer, disse o presidente. Essa decisão pode sair como consequência de eleições primárias, da resolução de um congresso de seu partido ou de um acordo entre os próprios líderes políticos. “Imaginem se, digamos, Barack Obama começasse a competir com Hillary Clinton, embora ambos tivessem saído como candidatos à presidência”, disse Medvedev. Recorde-se que, durante a campanha presidencial de 2008, Obama e Clinton se criticaram duramente, competindo pela nomeação como único candidato à presidência pelo Partido Democrata. Após a vitória de Obama nas eleições internas do partido, Clinton admitiu a derrota e, depois de os democratas vencerem a corrida presidencial, assumiu uma pasta no governo do novo presidente e abandonou suas ambições presidenciais.

Medvedev não acha que tenha enganado as expectativas de alguém: “Quando eu disse que não o excluo, não enganei ninguém, a vida poderia ter proporcionado uma surpresa, mas já tínhamos um entendimento entre nós”. Medvedev descartou a hipótese de qualquer competição com Pútin, dizendo que foi desafiado a fazê-lo não só pela oposição como também por alguns cientistas políticos. “Quero dizer que isso não vai acontecer”, frisou Medvedev.

O anúncio da troca das cadeiras entre os líderes do governo da Rússia ainda não teve reflexos nas colocações de Dmítri Medvedev e Vladímir Pútin em sondagens sociológicas. Segundo o Centro Levada de Pesquisas Sociológicas, 68 % dos entrevistados são favoráveis às atividades do atual primeiro-ministro. Esse é o menor índice de popularidade de Pútin no ano em curso e se mantém no mesmo nível pelo terceiro mês consecutivo (em comparação com setembro 2010, a popularidade de Pútin caiu 9%). A popularidade de Dmítri Medvedev caiu um ponto percentual, para 62%, em relação ao mês de agosto e 11 %, em relação ao índice registrado no ano passado.

Operação cirúrgica e tranquilizante pós-operatório

“Queremos alcançar um resultado político e vencer as eleições parlamentares, em dezembro, e presidenciais, em março, e não satisfazer nossas ambições. A ambição de qualquer pessoa responsável é servir seu país, e disso faço questão”, explicou o chefe de Estado.

Medvedev não considera que os resultados das eleições parlamentares e presidenciais sejam predeterminados. Tais declarações são, em seu dizer, “irresponsáveis, inverosímeis e até provocatórias”. As eleições com a participação de Ziuganov, Jirinovske e Mironov não serão uma “simulação”, disse o presidente.

“A escolha é feita pelo povo”, assinalou Medvedev. 

“Qualquer político pode “dançar” nas eleições, assim como a força política da qual é representante. Isso muitas vezes aconteceu na história de nosso país e de vários outros países. Ninguém está garantido contra eventuais fracassos. De que predeterminação se pode tratar? Deixem o povo decidir em quem ele vai votar”, disse o presidente cessante.

“Só as pessoas, nossos concidadãos podem colocar definitivamente os acentos, votando a favor ou contra um candidato ou uma força política. Isso, sim, é que é a democracia!”

O Chefe de Estado repetiu, quase ao pé da letra, os argumentos expostos, na última segunda-feira pelo presidente da Comissão Eleitoral Central, Vladímir Tchúrov, que também considera imprevisível o resultado das eleições. “Essa não foi uma pergunta sua, antes uma afirmação que você fez de forma peremptória e que eu não aceito”, disse Vladímir Tchúrov, respondendo a uma pergunta de um jornalista sobre a predeterminação dos resultados da votação e a vitória de Vladímir Pútin.

Concluindo sua exposição sobre as próximas eleições, Dmítri Medvedev prometeu que não iria tirar férias no período pré-eleitoral e não iria tratar de “nenhum programa eleitoral específico”.

“Eu sou chefe de Estado em exercício. Tenho muitos compromissos internos e externos”, recordou o presidente.

“O povo deve julgar as atividades do presidente e do governos por seu atos práticos”, salientou Medvedev.

Comentário do director do centro Levada de pesquisas sociológicas, Alexêi Grajdánkin:

Os índices de aprovação das atividades dos dois líderes da Rússia estão muito próximos. 62% do entrevistados se declararam favoráveis às atividades de Medvedev na condição de presidente, enquanto as atividades de Vladímir Pútin como primeiro-ministro foram apoiadas por 68%. Se Medvedev concorresse às eleições presidenciais, poderia vencer já no primeiro turno, mas as colocações de Pútin nas pesquisas são melhores e ele é o favorito nas intenções de voto para a presidência, com o dobro das respostas favoráveis a Medvedev.

Desde junho deste ano, a popularidade de Medvedev caiu mais rápido, enquanto, no período de janeiro a maio, a queda da popularidade de Pútin foi mais rápida. Isso pode ser explicado pela intensificação de atividades políticas de Dmítri Medvedev e por suas ambições presidenciais cada vez mais claras. Se não foi ele, então foram pessoas de sua comitiva a declarar que Dmítri Medvedev deveria se candidatar à presidência.

Inicialmente, seus esforços atraíram a atenção de uma parte do eleitorado, mas as comparações posteriores com Pútin em todos os aspectos não foram, como vimos, favoráveis a Dmítri Medvedev.

Qualquer que fosse o problema do país que citamos, os entrevistados responderam que, em sua opinião, Pútin iria lidar melhor com a situação. [2]

Extraído dos sítios Diário da Rússia [1] e Gazeta da Rússia [2]

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