Cairo, 27 jan (Prensa Latina) Egípcios de diversas camadas sociais, religiões e tendências políticas convergiram novamente hoje na praça Tahrir em um enésimo chamado à Junta Militar para que ceda o poder de imediato a uma autoridade civil.
A emblemática zona cairota, palco da mobilização popular que em 18 dias tumbou Hosni Mubarak no dia 11 de fevereiro de 2011, repetiu, pela segunda vez em uma semana reuniu uma massiva concentração agora denominada "sexta-feira da dignidade" ou "segunda sexta-feira da ira".
Às vésperas do dia 28 de janeiro, quando se cumpre um ano do dia mais mortífero daquelas jornadas de desafio à repressão da polícia leal a Mubarak, centenas de milhares de egípcios voltaram a inundar com fotos, caricaturas, bandeiras e cartazes o coração do Cairo.
Mais de 55 organizações, movimentos e associações políticas, sociais e de direitos humanos envolveram-se na nova convocação, esperando pelo menos ter uma ideia da massividade da marcha de aniversário do início da revolta, no passado 25 de janeiro.
Os cairotas que vão para Tahrir se uniram a centenas de ativistas acampados ali desde terça-feira e que pretendem manter seu protesto até ver a ascensão ao poder de um governo civil eleito democraticamente e a volta dos militares aos quartéis.
Faz um ano que a palavra de ordem que dominada um dos cartazes centrais da praça era "o povo quer a queda do regime", unida a outras com menção específica ao octogenário Mubarak, mas hoje se repetiram iniciativas para exigir a renúncia da cúpula militar.
Para pessoas consultadas em Tahrir pela Prensa Latina, resultam insuficientes as medidas de indulto, declaração de feriado nacional e levantamento parcial do estado de emergência, anunciadas pelo Conselho Supremo das Forças Armadas (CSFA).
Sob tutela militar é difícil ter garantias de uma Constituição democrática que não lhes outorgue privilégios e quotas de poder, explicou Farid, um universitário favorável a que as eleições presidenciais e a Assembleia Constituinte aconteçam em outro cenário.
No aspecto político há matizes e até divergências dentro do heterogêneo movimento reivindicativo egípcio, mas para islamistas da Irmandade Muçulmana, cujo partido Liberdade e Justiça ganhou as eleições legislativas, os militares já não são o maior problema.
Ainda que a maioria aposta pela saída do Exército do âmbito político, a situação social e econômica do Egito depois das revoltas parece inquietar e faz parte das reivindicações.
Grupos de tradutores de idiomas e guias turísticos lamentavam a queda em quase um terço dos 14,7 milhões de turistas que costumavam viajar ao Egito (em 2011 o fizeram 9,8 milhões) e a redução dos rendimentos a 8,8 bilhões de dólares.
Segundo dados oficiais, a economia contraiu-se um 4,2% no primeiro trimestre de 2011 por causa da chamada revolução, e sob o governo do CSFA pioraram os indicadores de desemprego, com mais de 800 mil pessoas incorporadas ao desemprego trabalhista.
Enquanto não foram as demandas mais visíveis nesse último ano, a pobreza extrema e generalizada, o desemprego e os deficientes serviços básicos foram catalizadores da revolta, junto à falta de liberdades, um aspecto no qual os egípcios observam discretos avanços.
Extraído do sítio Irã News
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