Havana (Prensa Latina) - A modificação dos fluxos migratórios para a América do Sul é uma conseqüência direta da atual crise financeira internacional que atinge com força aos países da Eurozona e os Estados Unidos.
Como tendência, a América do Sul se converteu em opção a milhares de cidadãos europeus e estadunidenses e inclusive de migrantes sul-americanos que retornam a casa para escapar dos efeitos da crise econômica.
Argentina, Brasil e Chile destacam-se na preferência dos novos imigrantes que são atraídos pelos níveis de expansão das economias da América do Sul, superiores à média global.
Graduados universitários e técnicos são maioria na presente onda, procedentes de nações que por mais de meio século têm sido tradicionais receptoras da emigração a nível internacional.
Como causas que propiciam o êxodo para o subcontinente, especialistas apontam o concerto de tratados comerciais e o crescimento dessa região, quando parte do mundo se debate na incerteza.
A este respeito, consideram que a posição privilegiada da qual desfrutam hoje as nações sul-americanas responde às políticas fiscais e sociais com que reforçam seus mercados internos.
A Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (Cepal) precisou que apesar da instabilidade internacional, a economia dessa zona geográfica cresceu 4,6 por cento em 2011.
A Argentina exibiu o maior crescimento, com nove por cento, seguida do Equador com oito, Peru com sete, Chile com 6,3 e, por último, Brasil com 2,9 por cento.
Dados da Organização Mundial do Trabalho revelam que a América do Sul concluiu o ano passado com 7,3 por cento de desemprego, 0,8 por cento a menos que em 2010, evidência do cenário positivo quanto à taxa de ocupação.
A Cepal prevê que a vigorosa recuperação econômica da área possibilite um novo e significativo descenso da taxa de desemprego em 2012 entre 6,7 e sete por cento.
Segundo fontes oficiais, a Argentina converteu-se no principal destino dos europeus e estadunidenses que abandonaram seus países natais nos últimos dois anos para escapar dos efeitos da depressão fiscal.
A Direção Nacional de Migrações precisa que como parte dessa avalanche chegaram ao território argentino em qualidade de turistas mais de 34 mil espanhóis que decidiram se assentar indefinidamente.
A fonte pontua que os migrantes, com altos níveis de estudo e idades que oscilam entre os 25 e 40 anos, escolheram em sua maioria Buenos Aires frente à possibilidade de um melhor espaço econômico e trabalhista.
Atendendo aos últimos dados oficiais, a Argentina consolidou-se como o país onde vivem mais espanhóis fora da Espanha, com um total de 345.861, ainda que esse número siga em ascensão.
As estatísticas dão conta também da volta de cerca de 20 mil cidadãos argentinos que decidiram empreender o regresso a casa espantados pelos embates da crise.
Em relação aos estadunidenses, a embaixada de Buenos Aires registrou 23 mil cidadãos estabelecidos, ainda que cálculos extra-oficias elevam o número a 60 mil.
A tradicional e incessante migração interna consolida-se no subcontinente, fundamentalmente para nações com maior desenvolvimento econômico e melhores condições de vida, como Argentina e Brasil.
Ainda que os emigrantes sul-americanos concordem com a facilidade de ingressar às nações vizinhas, coincidem em assinalar como negativa a dificuldade que depois enfrentam para obter residência.
Aqueles que possuem maior capital social e econômico emigram a países mais desenvolvidos, mantendo-se nichos específicos de atividades como a horticultura, construções, serviço doméstico e comércio informal.
A Organização Internacional para a Migração (OIM) assegura que a população sul-americana deixou de emigrar a Europa ou aos Estados Unidos e agora busca os centros econômicos no continente.
Ezequiel Texidó, representante regional do Cone Sul na OIM, comentou que os destinos migratórios de grande parte da população sul-americana mudaram.
Segundo ele, ainda que há uma década tinham em mira países desenvolvidos do hemisfério norte, agora foram reforçadas as migrações intra-regionais em detrimento das extra-regionais.
Argentina, Chile e Brasil contam como principais centros de destino da população migrante da América do Sul, procedente no fundamental de nações como Bolívia, Paraguai, Equador e Peru.
Os novos movimentos migratórios reconfiguram a região e convertem-se num desafio que obriga os governos locais a desenharem estratégias comuns para pôr ordem ao incessante fluxo de pessoas.
Conscientes dos objetivos que têm diante de si, unem forças e traçam planos dentro do marco da União das Nações Sul-americanas (Unasul), o Mercado Comum do Sul e a Comunidade Andina de Nações (CAN).
A almejada implementação progressiva da livre circulação de pessoas em toda América do Sul define a urgência de coordenar ações e políticas migratórias. Trata-se não só de organizar os fluxos, como também de pôr fim a delitos como o tráfico de pessoas e o tráfico de migrantes muitas vezes obrigados a trabalhos forçados ou a ingressarem ao crime organizado, sobretudo ao narcotráfico.
A XI Conferência Sul-americana sobre Migrações, celebrada no Brasil em outubro, advogou pela integridade dos processos migratórios e sua relação com os processos de unidade impulsionados na zona.
O encontro reconheceu o avanço na aplicação das decisões migratórias da CAN, relacionadas com as facilidades para garantir a circulação dos cidadãos andinos bem como as migrações trabalhistas.
Os assistentes ao fórum condenaram as políticas que vulneram direitos humanos fundamentais e repudiaram nesse sentido a "discriminatória e violadora" postura anti-imigrante de Estados Unidos.
Como conclusão, clamaram pelo desenvolvimento de esforços no sentido de consolidar a identidade e construir a cidadania sul-americana por meio de políticas inclusivas com enfoque integral, como promove a Unasul.
A Declaração de Brasília reiterou o interesse de incorporar a estrutura da Unasul "como instância institucional" para o adequado tratamento da cooperação regional em matéria migratória.
Extraído do sítio da Agência Prensa Latina
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