01 dezembro 2011

AS ESPÉCIES INVASORAS REPRESENTAM UM PERIGO À BIODIVERSIDADE - Vininha F. Carvalho


As espécies exóticas invasoras estão presentes em pelo menos 103 unidades de conservação do Brasil, espalhadas por 17 Estados e pelo Distrito Federal. São consideradas como a segunda causa de redução da biodiversidade no mundo, atrás apenas da perda de habitats por intervenção humana.

Conífera
Apropriam-se do espaço, da água e dos alimentos das espécies nativas, numa competição pérfida, silenciosa e sem fronteiras.

As espécies exóticas invasoras são organismos (fungos, plantas e animais, assim como seres vivos microscópicos) que se encontram fora da sua área natural de distribuição, por dispersão acidental ou intencional.

Eucaliptos
Por meio do processo denominado contaminação biológica, elas se naturalizam e passam a alterar o funcionamento dos ecossistemas nativos. Historicamente, o maior responsável por seu aparecimento é a colonização européia nos demais continentes.

As campeãs de invasões, são as plantas coníferas do gênero Pinus, introduzidas no Brasil para produção de madeira de reflorestamento. Identificadas em 35 UCs – Unidades de Conservação das regiões Sul e Sudeste, são espécies que podem alterar a acidez dos solos e inviabilizar a sobrevivência de animais, entre outros impactos.

Jaca
As outras líderes do ranking de invasões são o capim braquiária e o cachorro (15 UCs), o capim gordura e o eucalipto (13 UCs), o lírio-do-brejo (10 UCs), a jaca (8 UCs) e a uva-do-japão (8 UCs). Também figuram na lista animais como búfalo (6 UCs), caramujo-gigante-africano (5 UCS) e javali (4 UCs).

Javali
No caso do javali, principal ancestral do porco doméstico, a invasão foi pela fronteira sudoeste do Rio Grande do Sul com o Uruguai, para onde ele foi levado por europeus. Uma hipótese é que a introdução tenha ocorrido em 1989, após estiagem que baixou muito o leito do rio Jaguarão, que delimita a fronteira. Entre os principais prejuízos causados pelo javali estão danos a culturas agrícolas, ataque a animais de criação e transmissão de doenças (leptospirose, febre aftosa).

Caramujo-gigante-africano
O caramujo-gigante-africano, molusco terrestre do nordeste da África, entrou ilegalmente no Brasil na década de 1980, como alternativa à criação de escargot e se transformou numa praga. Ele destrói plantações e também pode transmitir moléstias, como a angiostrongilíase (infecção causada por parasita e que pode levar crianças à morte).

A marinha esta elaborando uma Norma de Autoridade Marítima (Normam), determinando que todos os navios que se destinarem aos portos brasileiros troquem a água de lastro, ao menos, a 200 milhas da costa e 200 metros de profundidade, para proteger o País das espécies aquáticas invasoras. Mas, para entrar em vigor a convenção precisa da adesão de 30 países, o que pode demorar até 20 anos.

Estima-se que pelo menos 7 mil espécies aquáticas são transportadas, diariamente, entre diferentes regiões do mundo por meio de água de lastro dos navios. O plano de ação visa dar continuidade ao trabalho desenvolvido há seis anos pelo Programa Globallast, executado pela IMO, com recursos do Fundo Global para o Meio Ambiente.

Raia Dasyatis colarensis
Por outro lado, a equipe do Laboratório de Tubarões e Raias da UERJ, identificou duas novas espécies de raias-manteiga no litoral brasileiro. A primeira raia foi denominada Dasyatis colarensis, em homenagem á região onde foi encontrada, o município de Colares, em Belém do Pará. Ela representa uma espécie totalmente desconhecida pela ciência. A outra raia, batizada Dasyatis hypostigma, já era conhecida dos pesquisadores, mas se acreditava que só poderia ser encontrada no Atlântico Norte.

Raia Dasyatis hypostigma
A preocupação com as espécies invasoras levaram a Organização das Nações Unidas a criar o Programa Global de Espécies Invasoras (GISP), em 1997, com participação de mais de 100 países, inclusive do Brasil. Durante a Rio-92, quando foi aprovada a Convenção da Diversidade Biológica, foi também feito um alerta sobre o perigo que elas representam para o equilíbrio ecológico.

O desinteresse em relação ao problema e a demora nas ações de combate, permitiram que as espécies invasoras prosperassem até no exterior. Um sapo comum no Brasil está aterrorizando os habitantes da cidade de Darwin, no norte da Austrália .

Sapo da cana
O sapo-da-cana, como é conhecido lá , foi introduzido no país em 1935, para combater duas espécies de besouros que eram uma praga para a indústria do açúcar. Infelizmente, ele falhou em sua missão, e ao invés de ser controlador de pragas, se transformou num perigo incontrolável, pois ficou venenoso.

O maior e mais feroz dos marsupiais carnívoros corre o risco de desaparecer da Austrália, por causa de um misterioso câncer facial. Desde 1997, metade da população dos diabos da tasmânia, cerca de 75 mil bichos, morreu por causa do problema, cuja causa não foi elucidada.

Diabo da Tasmânia
Segundo Alistair Cotter, chefe de uma força-tarefa designada pelo governo para enfrentar o problema, a competição com raposas, uma espécie invasora que chegou á ilha da Tasmânia há quatro anos, pode agravar o problema e decretar o fim da espécie. Supõe-se que os animais transmitam a doença quando se mordem disputando a comida.

O Brasil deveria ter o maior interesse em elaborar uma legislação nacional sobre o assunto, pois é considerado o mais rico país em diversidade de espécies animais e um dos mais importantes bancos de biodiversidade do planeta.

A fauna e a flora tem importância vital para a manutenção da biosfera e conseqüentemente para o ser humano, vamos salvá-la enquanto ainda é tempo.

Vininha F. Carvalho é graduada em Administração de Empresas e Economia, especializada em Marketing Turístico, com aptidão para produzir reportagens que envolvam questões na área ambiental (incluindo ecoturismo) e relativas a animais, para veículos da mídia impressa e eletrônica. Atuante em entidades e projetos com enfoques social e ambiental.

Extraído do sítio Ecodebates

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