Dias depois do Banco Central Europeu ter feito o maior empréstimo a mais de 500 bancos para aumentar a liquidez, esta semana há outro recorde em Frankfurt: é que em vez de emprestarem o dinheiro entre si, os bancos optaram por depositá-lo no próprio BCE, que nunca teve um balanço tão rico como neste fim de ano.
Os banqueiros preferem guardar o dinheiro no BCE do que pôr a economia a mexer. Foto Ninette Luz/Flickr
|
Os depósitos 'overnight' (de um dia para o outro) têm uma remuneração muito baixa, de 0,25%. Mas os bancos europeus, que na semana passada recolheram 489 mil milhões à taxa de 1% a três anos, preferem deixá-lo em segurança no Banco Central Europeu do que fazer circular o dinheiro entre eles, financiar a economia ou comprar títulos da dívida dos Estados.
Esta quarta-feira, foi revelado o montante destes depósitos "overnight", que atingiu 452 mil milhões de euros, pulverizando o recorde da véspera que era de 412 mil milhões. Por seu lado, o Banco Central Europeu emitiu um comunicado a anunciar que nunca como agora teve um balanço tão recheado: 2,73 biliões de euros, subindo 10% numa semana graças ao mega-empréstimo à banca da zona euro.
Para esta quinta-feira está marcado um novo teste ao efeito do empréstimo do BCE à banca, quando forem leiloados os títulos da dívida italiana de longo prazo. Na véspera ocorreu a primeira fase do leilão, para 9 mil milhões de dívida a seis meses. A Itália conseguiu pagar 3,25%, ou seja, metade do juro do que no anterior leilão de 25 de novembro.
BCE engorda os bancos: será que estes “ajudam” os Estados?
Para os 523 bancos que acorreram esta quarta-feira à operação especial de financiamento do Banco Central Europeu a uma taxa de juro de 1%, o Natal chegou mais cedo. O resultado foi um empréstimo recordista de 489 mil milhões de euros.
Foto saikofish/Flickr |
Os bancos europeus financiaram-se quarta-feira com um total de 489 mil milhões de euros postos à disposição pelo Banco Central Europeu ao lançar um empréstimo inédito a três anos com montante ilimitado e a juros de um por cento. De acordo com a imprensa económica europeia, este foi o caminho defendido pelo directório franco-alemão na sequência do Conselho Europeu de 9 de Dezembro: ajudar os bancos tentando que estes financiem os Estados mais endividados em melhores condições do que as impostas pelos mercados financeiros.
A grande dúvida agora, depois do “sucesso” da operação, como foi anunciado genericamente, é saber se os bancos que acorreram ao leilão promovido pelo BCE, a quase totalidade das entidades da Zona Euro, seguirão o caminho que Merkel e Sarkozy idealizaram para atacar a crise das dívidas: permitir aos Estados aceder a dinheiro mais barato e abrir aos agentes económicos a possibilidade de conseguirem empréstimos para saírem da estagnação e recessão para onde foram empurrados como uma das mais evidentes consequências da política de austeridade.
Os analistas citados pela imprensa consideravam a operação um êxito se ultrapassasse os 200 mil milhões de euros, pelo que a verba atingida terá superado as expectativas.
Fontes da presidência francesa citadas pelo Le Monde consideram que os Estados fica agora em condições de recorrer aos bancos para colocar as suas obrigações soberanas que têm sido alvo de especulação constante pelos mercados financeiros. Em teoria, os Estados podem contrair empréstimos a um por cento para os colocar em títulos de dívida proporcionando rendimentos muito atractivos, o que desencorajaria a especulação.
O BCE não pode, pelo seu estatuto, financiar os Estados da Zona Euro. Esta operação é uma tentativa para o fazer através de empréstimos que atraiam a banca e a mobilizem nesta direcção.
As dúvidas do êxito da estratégia residem, segundo os analistas citados pela imprensa, no comportamento que os bancos vão assumir através dos seus critérios de prioridades. Quanto aos mercados financeira, para já, não reagiram com entusiasmo especial à medida, que em teoria pode atacar o monopólio da actividade especulativa sobre as dívidas soberanas.
Dizem os analistas que os bancos tendem, em primeiro lugar, a reforçar os capitais próprios devido à medidas recentes que os obrigam a fazê-lo. Deverão também reembolsar cerca de 230 mil milhões de euros de obrigações que se vencem até ao final do primeiro trimestre do próximo ano.
Extraído do Sítio Esquerda.net
Nenhum comentário:
Postar um comentário