Rio de Janeiro - Apesar de uma pequena melhora em 2009, continua alta a concentração da renda gerada por alguns municípios brasileiros, revela a pesquisa Produto Interno Bruto dos Municípios 2005-2009, divulgada hoje (14) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Tomando por base a média dos 10% dos municípios com maior Produto Interno Bruto (PIB), observa-se que eles geraram 95,4 vezes mais renda do que a média de 60% das cidades com menor PIB. Os maiores indicadores foram observados na Região Sudeste. Na série entre 2005 e 2009, houve uma queda suave, disse à Agência Brasil a gerente da pesquisa, a estatística Sheila Zani.
“Só que essa queda muito suave não significa que não seja enorme. É imensa a concentração”. A pesquisa por regiões mostra, contudo, que em quase todas elas esse indicador vem se mantendo ou caindo de forma muito suave. Só Goiás, no Centro-Oeste, registrou aumento do nível de concentração.
A pesquisa mostra os efeitos da crise internacional de 2009 sobre a renda gerada pelos municípios brasileiros, declarou Sheila Zani. “Em 2009, quem pensava em produzir para o mercado externo perdeu participação. Quem ganhou participação foram os municípios voltados para o mercado interno.”
Ela lembrou que em decorrência das medidas adotadas pelo governo brasileiro para combater a crise financeira internacional, “aumentaram o crédito, o emprego e a massa salarial”. A consequência foi o aumento do consumo doméstico. “O mercado interno não ficou tão abalado pela crise externa”, acrescentou Sheila.
A pesquisa mostra ainda que em 2009 a economia dos municípios comportou-se de forma diversificada. “O que norteou as alterações na geração de renda de cada município foi, principalmente, o preço das commoditiesminerais e agrícolas no país inteiro.”
Quando o preço do barril de petróleo em 2009 estava baixo, os municípios produtores perderam participação. “Esses municípios geraram menos participação do que no ano de 2008”. Já os municípios ligados à commodity mineral de outra forma que não a produção direta, como a atividade do refino, tiveram ganho.
“Porque, como o petróleo entra na indústria do refino como matéria-prima e ela estava com o preço baixo, o valor adicionado do refino foi alto. A pesquisa apresenta essa diversidade. Nem todos os municípios tiveram perda de participação.”
De acordo com o estudo do IBGE, os setores que mais se retraíram não foram aqueles desenvolvidos nas capitais. No caso da agropecuária e da indústria de transformação, os segmentos que não foram bem em 2009 são mais voltados para o mercado internacional. “Necessariamente, não estão nas capitais”. Essas são afetadas indiretamente.
Já os serviços constituem atividades típicas das capitais, entre eles os financeiros e da administração pública. “Foram as capitais dos estados que ganharam participação”.
De acordo com o estudo, 188 municípios concentravam, em 2009, 25% do valor adicionado bruto, que correspondem ao valor gerado, menos o consumo intermediário, da agropecuária no Brasil. Por outro lado, 655 cidades agregavam 1%. O maior valor adicionado bruto da agropecuária foi agregado pelo município de Rio Verde (GO).
Na indústria, 11 municípios agregavam 25% do valor adicionado bruto da atividade em 2009. A liderança brasileira entre os polos industriais foi mantida por São Paulo, com participação de 8,9% (aumento de 0,2 ponto percentual em comparação ao ano anterior).
Ainda em 2009, 37 cidades respondiam por metade do valor adicionado bruto da atividade de serviços. Desses, 17 eram capitais. O ranking adicionado de serviços foi liderado por São Paulo, com R$ 255,8 bilhões, e pelo Rio de Janeiro, com R$ 118,3 bilhões.
A pesquisa do IBGE constata também que 1.968 municípios brasileiros, equivalentes a 35,4% do total, apresentavam mais de um terço da economia dependente da máquina pública administrativa. Os destaques são Uiramutã/RR (80%) e Areia de Baraúnas/PB (71,4%).
Extraído do sítio da Agência Brasil
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