Telegramas provam realização de reuniões entre empresa de espionagem e líderes da oposição, como Henrique Capriles.
Os Estados Unidos fizeram um esforço de bastidores para unir a oposição venezuelana e tentar tirar Hugo Chávez do poder nas eleições de outubro de 2012, revelam documentos vazados pelo site Wikileaks. O site, criado pelo jornalista e ativista australiano Julian Assange vazou mais de cinco milhões de telegramas da empresa de espionagem norte-americana Stratfor.
A Stratfor alega prover informações para multinacionais com o desejo de investir na Venezuela. Entretanto, a troca de telegramas mostra outro cenário: a empresa trabalhou como uma agência de espionagem, com o objetivo de influenciar a política do país sul-americano, criando condições adequadas para o aumento da influência norte-americana.
Capriles, que obteve cerca de 45% dos votos, foi um dos líderes que se reuniu com a empresa de espionagem Stratfor
Nos emails são mencionados encontros com vários nomes da oposição venezuelana, como o prefeito de Caracas, Antonio Ledezma, o candidato derrotado no pleito, Henrique Capriles, Leopoldo Lopez, e o analista político direitista Rafael Poleo.
“Falei com Rafael Poleo poucos dias atrás”, diz uma fonte – segundo os telegramas, seria um proeminente economista venezuelano.
Cobrindo o período de julho de 2004 a dezembro de 2011, vários telegramas trazem conversas e informações sobre a política local. Um dos telegramas trata especificamente da campanha para as eleições presidenciais de 2012. Nele, a agência de espionagem fala de uma “revolução na Venezuela”: unir a oposição, fazer a campanha eleitoral e chamar o povo a votar (o voto é facultativo no país).
Ainda nesse telegrama, a Stratfor reconhece que seus serviços são procurados por atores políticos e a ação se desenrola em dois momentos: no primeiro instante, é feita uma análise da situação. Em um segundo momento, é aplicado um plano de ação, denominado pela empresa de espionagem como “missão”.
Há seguidas referências ao grupo sérvio CANVAS (Center for Applied Non Violent Action and Strategies, na sigla em inglês). O grupo recomenda quais os passos a serem tomados para derrubar Chávez, em um guia de “como fazer uma revolução” dentro dos limites legais e, assim, levar a oposição ao poder.
“Quando alguém nos pede ajuda, como é no caso da Vene (Venezuela), fazemos a pergunta ‘O que fazer?’, ou seja analisamos a situação (o documento de Word que te enviei) e depois vem a “missão” (o que ainda precisa ser feito) e também o conceito operacional – o plano de campanha”, diz o autor do telegrama ao destinatário.
Segundo o telegrama da Stratfor, “por causa da completa desconfiança entre os diferentes grupos da oposição venezuelana, a empresa teve que fazer a análise inicial”. A empresa diz que “cabe à oposição venezuelana saber aonde quer chegar, ou em outras palavras, depende da oposição perceber que a falta de unidade poderia fazê-los perder a eleição antes mesmo dela ter começado.”
No entanto, a empresa de espionagem afirma em seu site que apenas “dá ferramentas e informações para que os clientes executem seus planos”. Mas no caso venezuelano, “devido à debilidade da direita venezuelana em se unificar”, precisou começar seu trabalho fazendo uma análise do cenário para criar um plano de ação, diz o telegrama.
Extraído do sítio Opera Mundi
Extraído do sítio Opera Mundi
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