Um artigo da revista italiana Panorama afirma que o papa Bento XVI teria decidido renunciar ao pontificado em 17 de dezembro do ano passado, logo após receber um novo relatório sobre o escândalo do vazamento de documentos oficiais do Vaticano, conhecido como "Vatileaks".
"Vatileaks" apontava uma "forte resistência" na Cúria romana em relação às medidas de transparência exigidas por ele. A revista é editada pelo grupo Mondadori, que é propriedade da família Berlusconi.
A Panorama traz o artigo na íntegra na edição que vai às bancas nesta quinta (14), mas alguns trechos já foram divulgados nesta quarta (13). Segundo a publicação, em 17 de dezembro de 2012, Bento XVI recebeu os cardeais espanhol Julián Herranz; o italiano Salvatore De Giorgi; e o eslovaco Jozef Tomko. Os três foram nomeados por Bento XVI para investigar o vazamento de seus documentos pessoais e do Vaticano, que acabaram publicados em um livro de Gianluigi Luzzi e que levaram à prisão do mordomo do Papa, Paolo Gabriele.
Os cardeais teriam apresentado um amplo relatório com documentação, entrevistas e interrogatórios, que teriam revelado uma grande "resistência na Cúria à mudança e muitos obstáculos às ações pedidas pelo papa para promover a transparência", segundo a Panorama. A revista afirma que o Papa ficou "muito impressionado" com os relatórios e só teve forças para contar sobre o conteúdo ao seu irmão, Georg Ratzingher. "Admitiu, talvez pela primeira vez, ter descoberto uma face da Cúria vaticana que jamais tinha imaginado. Antes do Natal começou a pensar seriamente em sua renúncia", diz o trecho do artigo divulgado pela imprensa italiana.
Pelo bem da Igreja - Nesta quarta (13) pela manhã, Bento XVI apareceu publicamente pela primeira vez desde que anunciou a renúncia e disse aos fiéis que renunciou ao pontificado "em plena liberdade e pelo bem da Igreja". Em sua última grande missa, a da Quarta-Feira de Cinzas que abre o período da quaresma.
Na celebração, o Papa destacou a importância do testemunho de fé e vida cristã de cada um dos seguidores de Cristo para mostrar o verdadeiro rosto da Igreja e acrescentou que muitas vezes, no entanto, essa face "aparece desfigurada". "Penso em particular nos atentados contra a unidade da Igreja e nas divisões no corpo eclesial", afirmou o papa.
Segundo o diretor do jornal vaticano L'Osservatore Romano, Gian Maria Vian, o papa tinha tomado a decisão de renunciar há muito tempo, após a viagem que fez ao México e a Cuba em março do ano passado, devido a sua avançada idade.
Extraído do sítio Diário Liberdade
Extraído do sítio Diário Liberdade
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