Tatiana Merlino e Igor Ojeda não pretendem começar a escrever, em dupla, um segundo livro sobre futebol. Pelo menos não neste domingo. Para que eles pudessem fazê-lo, algo de extraordinário teria de acontecer. Por exemplo: uma derrota do Corinthians diante do Palmeiras e uma vitória do Vasco sobre o Flamengo. Livros, afinal, são feitos a partir de fatos extraordinários.
Mas os dois não precisam se preocupar, pelo menos por enquanto. É que já estão lançando um livro sobre um evento extraordinário: “A Invasão Corinthiana (o dia em que a Fiel tomou o Rio de Janeiro para ver seu time no maior estádio do mundo)”.
Estamos falando de 5 de dezembro de 1976. Naquele dia, entre 70 a 85 mil corinthianos estavam no Maracanã para ver a semifinal do Campeonato Brasileiro entre Corinthians e Fluminense. O jogo terminou empatado (1 a 1) e o Corinthians passou à final nos pênaltis (perderia do Internacional de Falcão).
Dificilmente veremos outro episódio como aquele.
Primeiro, porque nenhum estádio recebe hoje 146.043 mil pessoas, público oficial daquela partida.
Segundo, porque nenhum presidente de clube reservará metade dos ingressos para a torcida adversária, como fez Francisco Horta, do Fluminense.
Terceiro, porque dificilmente o Corinthians enfrentará um novo jejum de 22 anos sem títulos, como era o caso então.
Quarto, porque dificilmente o Corinthians enfrentará o desafio de vencer cinco partidas consecutivas para chegar a uma semifinal e conseguirá fazer isso, como o fez em 1976 (2 a 1 no Botafogo de Ribeirão Preto, 4 a 1 no Caxias, 2 a 0 na Ponte Preta, 2 a 1 no Internacional e 2 a 1 no Santa Cruz, em Recife).
Quinto, porque Nelson Rodrigues, tricolor roxo, não está vivo para escrever a crônica, publicada no dia seguinte no jornal O Globo, do Rio de Janeiro, que começou assim:
Uma coisa é certa: – não se improvisa uma vitória. Vocês entendem? Uma vitória tem que ser o lento trabalho das gerações. Até que, lá um dia, acontece a grande vitória. Ainda digo mais: – já estava escrito há seis mil anos, que em um certo domingo, de 1976, teríamos um empate. Sim, quarenta dias antes do Paraíso estava decidida a batalha entre o Fluminense e o Corinthians.
Para o livro que escreveram, Tatiana Merlino e Igor Ojeda — ela, torcedora de vez em quando; ele, corinthiano fanático — foram atrás dos personagens da partida: jogadores, cartolas e, principalmente torcedores. O livro é um relato da paixão que move os corinthianos.
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