Estudo “Combustão da biomassa de florestas Tropicais” comprova que 50% das árvores queimadas viram gases do efeito estufa, como CO2 e metano (Crédito: Greenpeace)
Com as queimadas, metade do estoque de carbono armazenado em um hectare de floresta se transforma em gases de efeito estufa como CO2 e metano. A constatação é de um grupo de pesquisadores de várias instituições brasileiras, que realizou uma queimada controlada para análise científica em 40 mil metros quadrados de floresta, na região de Rio Branco, no Acre, na última semana.
O estudo faz parte do Projeto Temático “Combustão da biomassa de florestas Tropicais”, e avalia o impacto das queimadas na atmosfera da terra, na regeneração da floresta e no solo da Amazônia. O coordenador é João Andrade de Carvalho Junior, professor da Faculdade de Engenharia da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Guaratinguetá (SP).
Em entrevista à Carta Capital desta quinta-feira, Carvalho afirmou que os dados da pesquisa permitirão quantificar os teores de carbono equivalente emitidos durante a queima, avaliar como os nutrientes do solo reagem às altas temperaturas, entender a dinâmica de regeneração natural da vegetação e medir os níveis de partículas no ar que podem causar danos ao sistema respiratório humano.
Os resultados do projeto indicam até agora que a eficiência de combustão é de 50% na área onde foi realizada a queimada. Segundo o professor, antes de realizar a queima é feita uma caracterização de toda a biomassa do local com a instalação de procedimentos de medida de quanto foi queimado em determinado terreno.
Em experiência de queimada anterior realizada em Cruzeiro do Sul, foi constatado que uma árvore com mais de um metro de diâmetro detinha de 8 a 9% do total da biomassa dos quatro hectares examinados. “Verificamos que o metano corresponde a cerca de 13% do total das emissões”, disse Carvalho.
Segundo ele, se o dado obtido na experiência anterior pudesse ser extrapolado para toda a floresta amazônica, os níveis atuais de desmatamento, da ordem de 7 mil quilômetros quadrados anuais, provocariam uma emissão de CO2 equivalente comparável às emissões de cerca de 50 milhões de automóveis.
“Felizmente, o desmatamento caiu muito, mas já tivemos anos em que a devastação chegou a atingir 27,5 mil quilômetros quadrados. Se os dados fossem extrapolados para toda a Amazônia em um ano com desmatamento dessa magnitude, a emissão de CO2 seria comparável à poluição produzida por quase 200 milhões de automóveis”, afirmou à reportagem.
Os resultados das análises serão comparados e servirão para medir a quantidade de carbono, nutrientes e microorganismos que permanecem no solo após a queima. Além disso, será avaliado o que ocorre com a qualidade do ar. As queimadas controladas têm sido realizadas pelo projeto nos estados do Acre e Mato Grosso.
Fonte: Sítio do Greenpeace
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