30 outubro 2011

PORTA-VOZ DO WIKILEAKS DIZ QUE "BLOQUEIO FINANCEIRO" IMPEDE RETORNO DAS ATIVIDADES

Segundo Kristinn Hrafnsson, que participa do 1º Encontro Mundial de Blogueiros, em Foz do Iguaçu (PR), ainda não há prazo para retorno do serviço, suspenso desde o início da semana. Entidade precisa de US$ 3,2 milhões em 2012. Visa, Mastercard, Paypal e Bank of America deixaram de receber doações após pressão do governo dos EUA. Matéria de Marcel Gomes

Foz do Iguaçu - O jornalista islandês Kristinn Hrafnsson, porta-voz do WikiLeaks, disse que a organização está "sob ataque dos poderes financeiros do mundo" e ainda "não encontrou uma solução para garantir sua sobrevivência". No início desta semana, o WikiLeaks anuncicou que suspenderia temporariamente suas atividades por falta de recursos financeiros.

"Paramos porque precisamos nos dedicar integralmente a obter fundos", explicou Hrafnsson, que participa do 1º Encontro Mundial de Blogueiros, nesta sexta-feira (28), em Foz do Iguaçu (PR). Segundo ele, as empresas que intermediavam as doações para a organização - Visa, Mastercard, Paypal e Bank of America - suspenderam unilateralmente o serviço por pressão do governo dos Estados Unidos.

Criado em 2006 na Suécia, o WikiLeaks ganhou notoriedade por divulgar documentos secretos de governos, empresas e organizações, e sobrevive através de doações. O bloqueio financeiro foi estabelecido após a divulgação de 250 mil despachos diplomáticos dos EUA, no final do ano passado. Os documentos revelavam que diplomatas norte-americanos buscavam dados pessoais de líderes estrangeiros, em atividade considerada similar à espionagem.

"É uma batalha muito custosa para nós. Já levamos esse assunto para a Comissão Européia, os governos do Reino Unido e da Austrália, mas ainda não há nenhuma solução à vista", declarou. O fim da parceira com as empresas financeiras já impediu que 1,6 milhão de dólares alcançassem os cofres da entidade. Para funcionar em 2012, o orçamento necessário é de pelo menos 3,2 milhões de dólares.

Apesar das dificuldades, Hrafnsson trata a suspensão do funcionamento do WikiLeaks como temporária. A organização trabalha para lançar em breve um novo método de submissão (dropbox) de documentos que permitirá que pessoas de mais países - inclusive do Brasil - enviem informações para divulgação.

Em sua fala no encontro dos blogueiros, o jornalista islandês ainda criticou as parcerias feitas pelo WikiLeaks com empresas de mídia tradicional - como The Guardian, New York Times, El Pais, Der Spiegel e Le Monde - para uso de documentos na produção de reportagens. "Não vou dizer que erramos, porque nosso primeiro compromisso é conseguir o máximo de impacto com nossos serviços. Mas precisamos reestruturar esses acordos", afirmou.

Ele admitiu que reportagens feitas com o material oferecido pelo WikiLeaks censuraram informações, e outras optaram por tratar de questões menores - "casos particulares como os das celebridades de Hollywood" - do que do problema central divulgado pelos documentos, que muitas vezes envolviam poderosos atores políticos e econômicos.

(Extraída do Portal Carta Maior).

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