Segundo Kristinn Hrafnsson, que participa do 1º Encontro Mundial de Blogueiros, em Foz do Iguaçu (PR), ainda não há prazo para retorno do serviço, suspenso desde o início da semana. Entidade precisa de US$ 3,2 milhões em 2012. Visa, Mastercard, Paypal e Bank of America deixaram de receber doações após pressão do governo dos EUA. Matéria de Marcel Gomes
Foz do Iguaçu - O jornalista islandês Kristinn Hrafnsson, porta-voz do WikiLeaks, disse que a organização está "sob ataque dos poderes financeiros do mundo" e ainda "não encontrou uma solução para garantir sua sobrevivência". No início desta semana, o WikiLeaks anuncicou que suspenderia temporariamente suas atividades por falta de recursos financeiros.
"Paramos porque precisamos nos dedicar integralmente a obter fundos", explicou Hrafnsson, que participa do 1º Encontro Mundial de Blogueiros, nesta sexta-feira (28), em Foz do Iguaçu (PR). Segundo ele, as empresas que intermediavam as doações para a organização - Visa, Mastercard, Paypal e Bank of America - suspenderam unilateralmente o serviço por pressão do governo dos Estados Unidos.
Criado em 2006 na Suécia, o WikiLeaks ganhou notoriedade por divulgar documentos secretos de governos, empresas e organizações, e sobrevive através de doações. O bloqueio financeiro foi estabelecido após a divulgação de 250 mil despachos diplomáticos dos EUA, no final do ano passado. Os documentos revelavam que diplomatas norte-americanos buscavam dados pessoais de líderes estrangeiros, em atividade considerada similar à espionagem.
"É uma batalha muito custosa para nós. Já levamos esse assunto para a Comissão Européia, os governos do Reino Unido e da Austrália, mas ainda não há nenhuma solução à vista", declarou. O fim da parceira com as empresas financeiras já impediu que 1,6 milhão de dólares alcançassem os cofres da entidade. Para funcionar em 2012, o orçamento necessário é de pelo menos 3,2 milhões de dólares.
Apesar das dificuldades, Hrafnsson trata a suspensão do funcionamento do WikiLeaks como temporária. A organização trabalha para lançar em breve um novo método de submissão (dropbox) de documentos que permitirá que pessoas de mais países - inclusive do Brasil - enviem informações para divulgação.
Em sua fala no encontro dos blogueiros, o jornalista islandês ainda criticou as parcerias feitas pelo WikiLeaks com empresas de mídia tradicional - como The Guardian, New York Times, El Pais, Der Spiegel e Le Monde - para uso de documentos na produção de reportagens. "Não vou dizer que erramos, porque nosso primeiro compromisso é conseguir o máximo de impacto com nossos serviços. Mas precisamos reestruturar esses acordos", afirmou.
Ele admitiu que reportagens feitas com o material oferecido pelo WikiLeaks censuraram informações, e outras optaram por tratar de questões menores - "casos particulares como os das celebridades de Hollywood" - do que do problema central divulgado pelos documentos, que muitas vezes envolviam poderosos atores políticos e econômicos.
(Extraída do Portal Carta Maior).
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