23 março 2012

POLÍCIA FEDERAL PRENDE INCITADORES DE HOMOFOBIA E VIOLÊNCIA NA INTERNET - Rachel Duarte

A Polícia Federal prendeu nesta quinta-feira (22), em Curitiba (PR), dois homens suspeitos de postagens criminosas no site silviokoerich.og, que entre outras coisas, incitavam a homofobia e a “cura gay”. Os conteúdos disseminados na rede incentivavam o abuso sexual de menores e eram contra negros, mulheres, nordestinos e judeus. A chamada “Operação Intolerância” resultou na prisão de Emerson Eduardo Rodrigues e Marcelo Valle Silveira Mello, moradores de Curutiba e Brasília, respectivamente.

Perfil de um dos suspeitos no Facebook. /Reprodução PF-PR
As investigações, conduzidas pelo Núcleo de Repressão aos Crimes Cibernéticos, uma Unidade Especializada da PF, permitiram a identificação cabal dos criminosos, que há meses vinham postando mensagens de apologia de crimes graves e da violência. As investigações tiveram início em setembro do ano passado quando inúmeras denúncias do site criminoso chegaram ao conhecimento da PF, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República e ao Ministério Público Federal.

“O Brasil tem jeito”

A Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Travestis e Transexuais (ABGLT) foi uma das entidades denunciantes. Com sede em Curitiba, a entidade acompanhou a coletiva de imprensa da PF nesta quinta. “O Brasil tem jeito. Precisamos denunciar. Utilizar os disque 100, os canais dos poderes públicos e expor estes casos de violência ao conhecimento das autoridades”, defendeu o presidente da ABGLT, Toni Reis.

Ele comemorou a primeira prisão de um crime com motivação homofóbica no Brasil que se deu mediante registro de quase 70 mil pedidos de providência a respeito do conteúdo criminoso exposto no site. “Parabenizo a atuação de todos as instituições envolvidas na investigação. Nós ainda temos que nos indignar com o preconceito. Ele sempre existirá, mas, a violência não podemos permitir”, falou.

Toni suspeita que os homens presos também atuavam se passando pelo vereador Julião Sobota, do Partido Social Cristão (PSC), que recentemente teria postado comentário agressivo na página do Grupo Dignidade, que apoia a causa LGBT em Curitiba.

Site incentivava o estupro de mulheres e menores./Reprodução da PF-PR

A Polícia Federal segue nesta quinta-feira o cumprimento aos mandados de busca e apreensão expedidos pela Justiça Federal. Será realizado o exame de residências e locais de trabalho dos criminosos em busca de mais elementos materiais da responsabilidade criminal, já amplamente demonstrada ao longo da investigação e que, preliminarmente, permitiu identificar o cometimento dos crimes de incitação/indução à discriminação ou preconceito de raça, por meio de recursos de comunicação social (Lei 7716/89); incitação à prática de crime (art. 286 do Código Penal) e publicação de fotografia com cena pornográfica envolvendo criança ou adolescente (Lei 8069/90-ECA).

Suspeitos presos também foram os responsáveis pela ameaça de morte ao deputado Jean Wyllys (PSol-RJ). /Reprodução PF-PR 
Consta da decisão judicial, que decretou a prisão preventiva dos criminosos, que “Elementos concretos colhidos na investigação demonstram que a manutenção dos investigados em liberdade é atentatória à ordem pública. A conduta atribuída aos investigados é grave, na medida em que estimula o ódio às minorias e à violência a grupos minoritários, através de meios de comunicação facilmente acessíveis a toda a comunidade. Ressalto que o conteúdo das ideias difundidas no site é extremamente violento. Não se trata de manifestação de desapreço ou de desprezo a determinadas categorias de pessoas (o que já não seria aceitável), mas de pregar a tortura e o extermínio de tais grupos, de forma cruel, o que se afigura absolutamente inaceitável.”

Dentre os conteúdos publicados pelos criminosos e localizados pela PF, havia referência ao apoio prestado pelos criminosos ao atirador Wellington, que em 2011 atacou a tiros uma escola em Realengo, no Rio de Janeiro, matando diversas crianças, bem como à suposta incapacidade da Polícia Federal em localizá-lo e deter.

Suspeito das postagens teria sido expulso de um fórum de debates feminista

O nome “Sílvio Koerich” era um codinome do investigado Emerson Eduardo Rodrigues. Na verdade, Silvio Osni Koerich é um professor universitário e católico praticante. O investigado Emerson Eduardo Rodrigues teria se apropriado do nome e passado a postar conteúdos agressivos, preconceituoso e de postura extremista, após ter sido expulso por Silvio de um fórum de debates feminista.


Extraído do sítio do Sul21

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