09 março 2012

ENERGIA NUCLEAR NO MUNDO: MODELO ULTRAPASSADO OU NÃO?

Após uma pausa de décadas, os Estados Unidos querem construir novas usinas nucleares. China e Índia também apostam na tecnologia. Contudo especialistas opinam que um ressurgimento da energia nuclear deve ser evitado.



O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, é um conhecido partidário da energia nuclear. Durante 30 anos, a construção de novos reatores nucleares não foi aprovada em solo americano, mas isso mudou durante o governo de Obama. A planta nuclear já existente Vogtle, na Geórgia, deve receber dois novos reatores.

Os custos estão estimados em 14 bilhões de dólares e já em quatro ou cinco anos os reatores devem entrar em funcionamento. Novos pedidos para a construção de instalações nucleares adicionais já se encontram com o governo.

Porém não é só nos estados Unidos que há novos projetos de construção, principalmente a Ásia está interessada na tecnologia. Na Índia e China devem surgir dezenas de novas usinas, mesmo depois do incidente de Fukushima, a maior parte dos países asiáticos se atém aos seus planos básicos de energia nuclear.

Energia nuclear polonesa em dez anos?

Outros países que ainda não possuem tais usinas cogitam construí-las. A Polônia, que até então tem como principal fonte de energia o carvão, quer prosseguir com seus planos para sua primeira usina nuclear. O primeiro-ministro polonês, Donald Tusk, comentou com as seguintes palavras a decisão da Alemanha de banir a energia nuclear: "Quando alguém não quer construir uma usina nuclear, então o problema é dele. Nós, contudo, acreditamos plenamente que a energia nuclear é uma boa alternativa quando se trata de produção energética."

Ainda não está claro quando isso vai acontecer. O lobby atômico polonês tem divulgado que, em mais ou menos 10 anos, a Polônia vai dispor de no mínimo uma usina nuclear. Especialistas no assunto, como o ambientalista Lutz Mez, de Berlim, duvidam dessa questão.

Ele acredita que a Polônia está diante de uma tarefa grande demais, pois o país não possui técnicos especializados para dar andamento a tais instalações. Além disso, falta pessoal qualificado para o controle estatal e o licenciamento e "só para criar tais departamentos públicos demoraria normalmente 15 anos. Declaração de intenções, desejos e planos não implicam que os projetos poderão ser de fato realizados", disse Mez em entrevista à Deutsche Welle.

"A quantidade de usinas nucleares deve diminuir"

Existem ainda muitos países que apostam na energia nuclear para a produção de energia no futuro. Contudo a especialista em política de energia nuclear, Rebecca Harms, parte do princípio de que o número de usinas nucleares deve no total diminuir. Em entrevista à DW, a deputada europeia do Partido Verde enfatizou que "o processo de desistência está em andamento. Ainda haverá algumas novas instalações nas próximas décadas, mas até 2030 ou 2035 o número de usinas nucleares deve se reduzir." O ápice da energia nuclear já é coisa do passado, segundo a ativista antinuclear Harms.

Assim pensa também o especialista em política ambiental Lutz Mez. Mesmo na França, o país com o maior número de usinas nucleares na Europa, há uma mudança de pensamento, explicou. Para atender às grandes oscilações de energia são necessários tipos de usinas mais flexíveis. Pois as usinas nucleares não podem ser ligadas e desligadas com facilidade conforme o consumo. "Por exemplo, após o expediente, quando as pessoas voltam para casa é inevitável o aumento significativo do consumo de energia. Por isso é muito provável que também na França o número de usinas seja reduzido nos próximos anos."

Daqui a algumas semanas será eleito o novo presidente da França. Nas pesquisas está clara a vantagem do candidato socialista, François Hollande, em relação ao atual presidente, Nicolas Sarkozy. Enquanto Sarkozy apoia a energia nuclear, Hollande quer reduzir a participação nuclear na matriz energética de 75% para 50%. Conforme seu programa eleitoral, a velha usina nuclear de Fessenheim, na fronteira com a Alemanha, deverá ser desativada.


Extraído do sítio da Deutsche Welle

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