Chávez foi eleito pela primeira vez em 1998 e reeleito em 2000; 2006 e 2012. Se isso é ditadura, então a Inglaterra também é ditatorial. Exemplos não faltam
Hugo Chávez faleceu e logo se aflorou sentimentos de ódio e simpatia. Entre os argumentos de nossa elite e da classe média tradicional – tão repetidos na "grande imprensa" – está o de que o líder bolivariano era um ditador. Tudo por que ele se reelegeu três vezes e por não ter renovado a concessão da Globovision, canal de TV venezuelano, após ter sofrido uma tentativa de golpe com a participação central da emissora.
Sobre o golpe, dado sem sucesso em 2002, vale assistir o documentário "A revolução não será televisionada". E sobre o tempo de poder, conseguido através de vitórias eleitorais, não há o menor ataque, nem mesmo de relance, à democracia.
Chávez foi eleito pela primeira vez em 1998 e reeleito em 2000; 2006 e 2012. Se isso é ditadura, então a Inglaterra também é ditatorial. Margaret Thatcher, a "Dama de Ferro", foi eleita pela primeira vez em 1979 e apenas em 1990 (11 anos) deixou de ser a primeira ministra inglesa. Tony Blair, seu sucessor, ocupou a chefia de governo inglês por 10 anos, de 1997 a 2007. Angela Merkel, chanceler (equivalente a primeiro ministro) alemã, já está em seu oitavo ano de governo. E exemplos não faltam.
Na França, Jacques Chirac, governou por 12 anos, de 1995 a 2007. Todos eleitos e reeleitos conforme suas constituições. Nos países Árabes, os governantes raramente mudam e se forem a favor do Ocidente – entenda EUA – é democracia; se forem contra, é ditadura.
Na Venezuela, Chávez conquistou sua força através do voto e de ações que beneficiaram a população venezuelana. Se na Venezuela foi implementada uma ditadura, todos esses países citados também vivem sob uma.
Ele conseguiu aprovar mudanças constitucionais que garantem maior participação popular com o fortalecimento de referendos e plebiscitos. Não muda uma vírgula no texto constitucional sem que passe pelo crivo do povo venezuelano. Sem falar na redução da pobreza e do analfabetismo.
Segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU), a Venezuela tinha em 1992 63,9% de seu povo com dificuldades até para se alimentar. O governo bolivariano conseguiu reduzir esse dado para 24,4%. Também segundo a ONU, é a Venezuela o país menos desigual da América Latina. A diferença entre os 20% mais ricos e os 20% mais pobres não chega a 10 vezes, seu coeficiente de Gini é de 0,41 (quanto mais perto de 1, pior).
Sobre ser ditadura, tem gente que jura que Chávez perseguia a oposição. Perseguiu tanto que seu maior opositor, Henrique Caprilles, é governador do estado de Miranda. Persegue tanto que a mídia brasileira mostra (apenas) manifestações de rua contra o governo bolivariano de Chávez. Sempre vale relembrar que é a mesma imprensa que apoiou a ditadura (civil) militar no Brasil.
Chávez não é ditador, longe disso, a democracia na Venezuela foi ampliada aos mais pobres e sua participação direta foi garantida. Se reeleição é coisa de ditador, FHC – além de borra botas do império estadunidense, também é.
Foi ele que pagou, segundo o ex-deputado Ronivon Santiago (PFL/AC, hoje DEM), R$ 200 mil por voto para a aprovação da emenda da reeleição no Brasil.
Mas a nossa classe média tradicional e nossa elite – que como bem colocou o professor Sávio Almeida em seu perfil no Facebook, elas adoram tomar vinho em padaria fina e se achar o máximo – somente olha para o próprio umbigo. Como sempre não gostam de ver o Estado voltado para os mais pobres. Não é que não gostem dele, não. Gostam, sim. Até dependem do Estado para manter as regalias. Essa ladainha de negação é só parte da campanha para manter os pobres, pobres.
O "chavismo", como pejorativamente foi chamado pela mídia para ilustrar o sentimento dos apoiadores de Chávez e lhe dar um tom totalitarista – e que a classe média tradicional tanto repete onde chega -, não acaba com sua morte. São muitas conquistas para o povo venezuelano manter, reforçar e ampliar. Sorte aos irmãos da Venezuela.
Extraído do sítio Brasil 247
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