O lixo pode ser uma importante fonte de renda para os municípios, se tiver um destino adequado.
Dar um destino ecologicamente correto para os resíduos é um desafio e tanto para a população e governos. Existem inúmeras opções, mas nem todas são práticas ou financeiramente viáveis. Uma possível solução são os biodigestores. Essa é uma forma interessante de evitar o descarte dos resíduos em lixões e aterros. Resíduos tratados dessa maneira produzem o biogás, composto basicamente por dois gases de efeito estufa (GEEs): metano (CH4) e o gás carbônico (CO²). Ambos podem ser utilizados na produção de energia elétrica, térmica ou mecânica, além de, ao final do processo, ainda resultam em adubo.
O método utilizado é muito simples. Todo o processo ocorre de forma anaeróbica e fechada, ou seja, na ausência de oxigênio e sem liberação de nenhum dos gases produzidos pela ação das bactérias. Dessa forma, é possível canalizar os gases da decomposição e queimá-los, mas não de maneira aleatória, como acontece em alguns aterros, mas com a finalidade de substituir o gás natural em algum setor da economia. O biogás é mais barato, renovável e diminui a emissão dos gases que intensificam o aquecimento global.
O processo é basicamente o mesmo de uma composteira seca (veja mais aqui), mas sem a liberação de nenhum gás e com o benefício de aceitar qualquer resíduo orgânico, inclusive dejetos de animais e humanos. Os resíduos da biodigestão podem ser utilizados como biofertilizantes, pois possuem alta concentração de nutrientes importantes para as plantas.
No entanto, a biodigestão sozinha não soluciona o problema do lixo nas cidades. É necessária uma eficiente coleta seletiva, já que apenas os dejetos orgânicos devem ter esse destino. Seria preciso estimular uma cooperação maior entre o poder público e a população. Assim, o início de toda essa cadeia de reciclagem começaria dentro das residências na separação do lixo reciclável do orgânico.
Compostagem
A compostagem doméstica pode ser um destino interessante para os resíduos orgânicos, mas o CH4 e o CO², apesar de em menor quantidade que em lixões ou aterros, são liberados na atmosfera. Essa ainda é uma forma mais ecológica para destinar os resíduos orgânicos em pequena quantidade. No entanto, em um escala muito maior, ao se tratar de resíduos de milhões de pessoas, a biodigestão é um processo muito melhor para o meio ambiente e também para a economia.
A biodigestão é também uma forma de gerar créditos de carbono, metodologia que tem por objetivo reconhecer métricas que contribuam para o controle e redução das emissões de GEEs. Cada tonelada de carbono retirada da atmosfera ou deixada de ser produzida equivale a um crédito de carbono, que pode ser comercializado no mercado internacional. Dessa forma, os resíduos se convertem em uma fonte de renda para os municípios, podendo acarretar em diminuição de impostos. Além disso, é um Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), que visa crescimento econômico mais sustentável.
Exemplo sueco
Os biodigestores são encontrados com maior frequência em propriedades rurais, principalmente naquelas criadoras de porcos e aves, mas nada impede a ampliação do processo no meio urbano. A cidade de Borás, na Suécia, é um modelo desse uso. Ela conseguiu descontaminar um rio ao tratar o esgoto doméstico por meio da biodigestão e também reduziu drasticamente o volume de lixo sem valor econômico. Essa iniciativa também diminuiu a dependência da cidade em relação aos combustíveis fósseis ao dar preferência ao biogás em alguns setores da economia.
Extraído do sítio Revista Amazônia
Extraído do sítio Revista Amazônia
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