Nações Unidas, (Prensa Latina) A luta diplomática por conta da crise na Síria entrou neste domingo (05) em uma nova fase após fracassar em uma semana de esmagadoras pressões das potências ocidentais para conseguir a queda do presidente sírio, Bashar al-Assad. Forças sírias ocupam duas oficinas de fabricação de explosivos Esse objetivo estava mascarado em um projeto de resolução que expressava o apoio do Conselho de Segurança a uma proposta da Liga Árabe na qual o presidente sírio transferiria o governo como primeiro passo a eleições e outras ações.
A manobra foi cortada pelo duplo veto imposto neste sábado por Rússia e China ao documento, discutido durante oito dias pelos 15 membros desse órgão e submetido a constantes modificações que derivaram em três versões diferentes.
A pressão dos ocidentais, encabeçados pelos Estados Unidos, França e Grã-Bretanha, forçou a uma tensa sessão extraordinária de sabatina e a realização da votação que concluiu com a rejeição do texto por 13 votos a favor e dois contrários.
Washington, Paris e Londres estiveram acompanhados em seu voto pelo restante das delegações integrantes do Conselho de Segurança: Alemanha, Portugal, Índia, Colômbia, Guatemala, Marrocos, Paquistão, África do Sul, Togo e Azerbaidjão.
Ao explicar sua oposição à iniciativa, o embaixador da Rússia na ONU, Vitaly Churkin, criticou as tentativas de alguns membros do órgão que pretendem a mudança de regime na Síria.
O texto constituía um mau sinal para o conflito e para os esforços de avançar-se para uma solução política, ao não considerar que os grupos opositores também são responsáveis pela violência nesse país, precisou o diplomata.
Nesse sentido, indicou que os promotores da resolução pretendiam que o governo sírio retirasse suas forças de forma unilateral e deixará o terreno livre aos grupos armados de oposição.
Da mesma forma criticou "influentes membros da comunidade internacional que desde o início da crise síria estão socavando a possibilidade de uma solução política e exortando a mudança de regime, atiçando a oposição contra as autoridades".
Por sua parte, o chefe da representação da China, Li Baodong, respaldou as propostas da Rússia para emendar o texto em discussão e lamentou que o projeto tenha sido submetido a votação sem tê-las em conta.
O embaixador de Beijing reiterou a necessidade de buscar-se uma solução política à crise síria, através do diálogo, para restaurar a estabilidade nesse país.
A ideia de uma mudança de regime não contribui a um arranjo, senão que complica a situação em um Estado de grande importância para a região do Oriente Médio, sublinhou.
Churkin e Li também executaram o veto que seus respectivos países impuseram em outubro passado a outro projeto ocidental dirigido contra o governo de Damasco.
Após a votação de ontem, o representante permanente da Síria perante a ONU, Bashar Jaafari, sustentou que os promotores do texto tratavam de transformar as Nações Unidas de um instrumento criado para a paz em uma ferramenta para a guerra.
Também acusou o ocidente e alguns países árabes de financiar e apoiar os grupos armados opositores que tratam de derrubar ao governo de al-Assad.
Se os responsáveis por essa situação deixam de instigar e financiar esses terroristas, a Síria poderá resolver por si mesma a crise através de um diálogo político, assegurou.
O documento vetado por Rússia e China impunha seis demandas às autoridades sírias, entre elas "a retirada das forças armadas e de segurança das cidades e povos e seu regresso aos quartéis".
Também pedia livre movimento e pleno acesso para "todas as instituições relevantes da Liga Árabe e da imprensa internacional e árabe a todas partes na Síria para determinar a verdade sobre a situação sobre o terreno e monitorar os incidentes que ocorram".
Depois do veto da Rússia e da China, o secretário geral da ONU, Ban Ki-moon, tomou partido ao lado dos países que respaldavam a resolução recusada e lamentou que o Conselho de Segurança tenha sido incapaz de acordar o projeto que apoiava a Liga Árabe.
Considerou que a não aprovação do texto "socava o papel da ONU e da comunidade internacional quando as autoridades sírias devem escutar uma voz unificada que chama pelo fim imediato de sua violência contra o povo sírio".
O Conselho de Segurança perdeu uma oportunidade para "decidir uma ação unida que ajude a finalizar a crise", insistiu.
Não obstante, Moscou anunciou ontem que seu chanceler, Serguei Lavrov, e o secretário do Conselho Nacional de Segurança, Nicolai Patrushev, viajarão na próxima terça-feira a Damasco para reunirem-se com o presidente al-Assad.
Quiçá trate-se do primeiro movimento de uma nova batalha diplomática entre os promotores de uma solução política e os impulsionadores de uma mudança de regime nesse país árabe como ocorreu na Líbia em outubro passado.
Extraído do sítio Pátria Latina
Nenhum comentário:
Postar um comentário