Jornal oficial do Partido Comunista de Cuba noticia presença de Dilma Rousseff na ilha para encontro com Raúl Castro e traz biografia dela. Presidenta chega a Havana sem dar declarações, para agenda nesta terça (31). Trajeto aeroporto-hotel é repleto de propaganda nacionalista e ideológica, característica do regime.
Fotos: Roberto Stuckert Filho/Presidência da República |
Havana – A visita oficial da presidenta Dilma Rousseff a Cuba foi destaque na primeira página da edição desta segunda-feira (30) do jornal Granma, órgão oficial do Comitê Central do Partido Comunista de Cuba. Referindo-se a ela como “presidenta”, no feminino, como Dilma quer ser chamada mas não costuma sê-lo pela imprensa brasileira, o Granma noticiou o encontro que a presidenta terá com o “General de Exército Raúl Castro Ruz”, líder do governo cubano.
Numa página interna, traz a biografia de Dilma, com registro para a participação dela no combate à ditadura militar, os três anos em que esteve presa - sem menção a torturas - e os cargos que ocupou na prefeitura de Porto Alegre, no governo gaúcho e na gestão Lula, até ser eleita a primeira mulher presidenta do Brasil.
Dilma chegou por volta das 17h desta segunda-feira (30) a Havana, cidade que está três horas atrás do fuso oficial brasileiro (hora de Brasília). Ela pousou no aeroporto internacional que leva o nome de um grandes heróis da independência cubana, José Martí, cujo memorial Dilma visitará nesta terça-feira (31), no primeiro compromisso oficial em Cuba.
Do aeroporto até o hotel em que está hospedada com ministros e assessores, a presidenta viu pelo caminho uma série de demonstrações do nacionalismo e da propaganda ideológica que caracterizam o regime castrista, que entra no ano 54.
Próximo à saída do aeroporto, um outdoor traz uma mensagem de Raúl Castro sobre a crise econômica global: “Ante a crise econômica capitalista, não temos outra opção que não nos unirmos para enfrentá-la”.
Mais à frente, um outro outdoor diz que “as ideias são essenciais nas lutas da humanidade”, como a anunciar o jorro de ideias que se verá no caminho até a região central de Havana. “Tudo pela revolução”, diz um cartaz, apontando “estudo, trabalho e fuzil” como instrumentos do seria o “tudo”. “Pela sua pátria, devem trabalhar todos os homens”, diz um cartaz a reproduzir uma frase de José Martí. “Mulheres unidas pela pátria”, afirma um outro outdoor.
O histórico inimigo norte-americano também é alvejado durante o trajeto pelo qual se veem casas coloridas e pequenas, geralmente de dois andares, estudantes voltando para a casa com mochilas às costas, trabalhadores a esperar por ônibus antigos, como em geral é a frota automobilística cubana.
“Liberdade não se pode bloquear. Aqui não há medo”, diz um velho cartaz, a pregar contra o “plano Bush”, presumivelmente uma referência aos ataques norte-americanos no Iraque e no Afeganistão.
“Cinco heróis prisioneiros do império voltarão”, lê-se na parede de um restaurante, aludindo aos cubanos presos e condenados nos EUA por ajudarem a impedir ataques terroristas contra Cuba, mas que para os norte-americanos estavam espionando e preparando atentados.
A história dos “cinco heróis” está contada em português num livro lançado em 2011 pelo escritor Fernando Morais, amigo da revolução cubana. O livro será publicado ainda este ano em Cuba, nos EUA e em alguns outros países para, de acordo com o escritor, contar às pessoas “essa indecência”.
O hotel de Dilma fica próximo à embaixada americana em Havana, e os cubanos também dedicam “homenagens” à repartição diplomática do “inimigo”. Em frente ao prédio, há dezenas de mastros nos quais tremulam bandeiras cubanas.
Na chegada ao hotel, Dilma cumprimentou os jornalistas brasileiros que a esperavam no saguão, mas não deu entrevistas. Estava acompanhada dos ministros Antonio Patriota (Relações Exteriores), Fernando Pimentel (Desenvolvimento) e Alexandre Padilha (Saúde) e pelo assessor de assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia.
A ida da presidenta a Cuba neste momento faz parte de um plano dela de se aproximar um pouco da esquerda, segundo Carta Maior apurou. Não por acaso, a viagem foi incluída praticamente na sequência da ida dela ao Fórum Social Mundial.
No Fórum, Dilma teve uma reunião como movimentos sociais sobre a Rio+20 que, na verdade, serviu para distensionar um pouco o clima dela com aquelas entidades, ainda hoje saudosas da era Lula, quando tinham mais acesso aos ouvidos presidenciais para externas seus pontos de vista.
Extraído do sítio da Carta Maior
Extraído do sítio da Carta Maior
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