13 fevereiro 2012

GRÉCIA: QUANTO É QUE UM POVO AGUENTA?


Miguel Portas comentou a situação na Grécia na sequência “do mais selvagem dos programas até hoje criados desde que começou a crise” e sublinhou que o que está em causa é saber “quanto é que um povo aguenta”.

Miguel Portas comentou a situação na Grécia na sequência “do mais selvagem dos programas até hoje criados desde que começou a crise” e sublinhou que o que está em causa é saber “quanto é que um povo aguenta”, uma espécie de teste para avaliar que “se funcionar na Grécia como é que pode ser aplicado a Portugal ou à Irlanda”, por exemplo.

Intervindo à hora em que na Grécia já decorria uma greve geral de dois dias contra o novo memorando da troika, o eurodeputado do GUE/NGL eleito pelo Bloco de Esquerda enumerou para os ouvintes do programa Conselho Superior da Antena Um a lista de crueldades sociais previstas para impor ao povo grego e ao qual ele está a responder.

Entre essas medidas, Miguel Portas salientou o corte de três mil milhões de Euros na segurança social e nos benefícios sociais, cortes de 33 por cento no subsídio de desemprego e de 22 por cento no salário mínimo do sector privado, que serão de 32 por cento se o trabalhador em causa for um jovem com menos de 25 anos. Além disso há a registar 150 mil despedimentos na administração pública até 2015, sendo 15 mil já este ano; a liberdade patronal de despedir e alterar horários de trabalho se uma empresa apresentar prejuízos; o fim da arbitragem laboral por iniciativa do trabalhador; o fim dos contratos sem prazo nas empresas públicas; a privatização das águas; e a contratação colectiva, em caso de desacordo, passará a funcionar após três meses e com base salarial nos valores mínimos do contrato anterior.

Todas estas medidas, acrescentou o eurodeputado, acrescem às que já foram impostas no primeiro memorando e que fizeram aumentar a dívida em vez de contribuir para a pagar.

“Além de desumano, este programa é ilegítimo”, recordou Miguel Portas. “É subscrito por um governo que não foi eleito em lado nenhum e que há alguns meses foi imposto à Grécia por via de Bruxelas”.

O eurodeputado considerou muito significativo que a greve geral seja convocada por centrais sindicais de maioria socialista, que perceberam que “já não dá para aguentar mais, não há como continuar a ter medo porque o que está a ser feito é desumano”.

É tudo isto “que está em jogo nesta barbárie, nesta selvajaria do segundo resgate, que serve apenas para pagar as dívidas já contraídas e que se agravaram com o primeiro resgate”, disse Miguel Portas.

Por isso, rematou, “hoje sou grego, se estivesse na Grécia faria greve geral, estaria a lutar por mim, pela Europa e por uma ideia de direitos humanos e de modo de vida em sociedade que não seja apenas a do poder do mais forte”.

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