11 agosto 2012

MÁRIO SABINO, O HOMEM-BOMBA DE VEJA - Marco Aurélio Mello

Há fortes rumores no mercado editorial de que o ex-todo-poderoso redator-chefe da Revista Veja, Mario Sabino, está voltando para a editora Abril. Por enquanto o cargo que irá ocupar é desconhecido. Sabino, para os que têm memória curta, foi um dos pivôs do Dossiê Veja, um dos mais importantes relatos jornalísticos sobre a política editorial daquela que já foi a maior e mais importante revista semanal do país, mas que se entregou à oposição rasteira, e partiu para o assassinato de reputações, depois de 2003. Grampos, escutas e invasões são todos obra da "nova política" editorial da revista.

Na ocasião de sua saída, em novembro de dois mil e onze, o diretor de Redação de Veja, Eurípedes Alcântara, escreveu: "Perco o convívio de um amigo, mas não a sua amizade. Fica conosco sua lição de profissionalismo intenso e de apego exacerbado à busca da verdade, para ele mais do que uma simples virtude, uma razão de vida." A nota, publicada em primeira mão, salvo engano, pelo jornalista Ricardo Noblat, dO Globo, dizia também que Sabino estava "...determinado a deixar a profissão." Ao que parece, agora, ter mudado de ideia.

Logo depois de deixar a Veja, o jornalista tentou carreira numa agência de notícias, a CDN, mas não deu certo. Conseguiu ficar apenas 17 dias no novo emprego de vice-presidente associado. A Companhia de Notícias é considerada uma das mais importantes agências de notícias do país. Sabino, Mainardi e Reinaldo Azevedo fazem parte do trio que ficou conhecido os "pitbulls" do jornalismo brasileiro. São militantes convictos do neo-conservadorismo brasileiro. São anti-petitas declarados e praticam uma crítica truculenta e rasteira.

Para Luis Nassif, "...nenhum personagem contemporâneo exprimiu de forma tão explícita esse binômio mediocridade-inveja quanto o ex-diretor de Veja. Nos diversos órgãos de imprensa pelos quais passou, ele se notabilizou pelo ódio intestino, malcheiroso, destrutivo, contra qualquer centelha de talento que passasse por seus olhos."

Nassif chegou a ser processado por danos morais, mas, em maio último, o Tribunal de Justiça de São Paulo não reconheceu o pedido de Sabino. A autoridade judiciária entendeu que Nassif exerceu seu direito de crítica, ao apontar os defeitos do colega à frente da Veja. O acórdão diz que "não se evidencia qualquer intuito ofensivo de caráter pessoal nos comentários, ainda que por vezes contundentes." 

A volta de Sabino para a Abril permite testar (*) ao menos uma hipótese: "Não se larga um líder ferido na estrada em troca de nada..." Sabino é hoje um atormentado homem-bomba, prestes a explodir. Acha que pagou um preço muito alto sendo "sacado" da engrenagem de Veja. Como é de conhecimento até do reino mineral, o ex-redator-chefe conhece os bastidores de todas as capas da revista nos últimos 8 anos e sabe como ninguém como a dupla Cachoeira-Policarpo emplacava suas denúncias nas páginas da revista.

(*) Testar hipóteses é uma tese esdrúxula defendida por outro jornalista polêmico, que usa o bom jornalismo a serviço de causas pessoais e ideológicas: Ali Kamel.

Extraído do blog DoLadoDeLá

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