29 agosto 2012

À CPMI, PAULO PRETO PERGUNTA POR TUCANOS "DE ALTA PLUMAGEM" QUE O ACUSARAM

Ex-diretor da Dersa, Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, falou aos parlamentares na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira, nesta quarta-feira. O depoente ficou conhecido nas eleições presidenciais de 2010 com o envolvimento em denúncias de desvio de verbas públicas na direção da empresa pública responsável pela construção de parte do Rodoanel, no Estado de São Paulo, e o sumiço de cerca de R$ 4 milhões da campanha do então candidato à Presidência da República, José Serra.

O nome de Paulo Preto surgiu após declarações de Pagot à revista IstoÉ de que parte das verbas destinadas às obras do Rodoanel teria sido direcionada para uso na campanha eleitoral de Serra e Geraldo Alckmin, ambos do PSDB. O contrato mencionado foi celebrado entre o Dnit e a Departamento de Obras Rodoviárias de São Paulo (Dersa), então comandada por Paulo Preto. À CPMI, no entanto, Pagot disse ter sido mal interpretado pela revista. Ele sustentou que houve pressão para aprovar mais recursos para obra, mas que não se pode provar que o valor seria usado em campanhas.

Segundo a revista, na sua edição de agosto de 2010, Paulo Preto foi acusado por líderes do PSDB de ter arrecadado dinheiro de empresários em nome do partido e não entregá-lo para o caixa da campanha. Segundo os líderes tucanos José Gregori e Sérgio Freitas, em entrevista à publicação semanal, as únicas pessoas autorizadas a atuar em nome do partido na arrecadação são o José Gregori e o Sérgio Freitas”, afirma o ex-ministro Eduardo Jorge, vice-presidente nacional do PSDB.

– Não podemos calcular exatamente quanto o Paulo Preto conseguiu arrecadar. Sabemos que foi no mínimo R$ 4 milhões, obtidos principalmente com grandes empreiteiras, e que esse dinheiro está fazendo falta nas campanhas regionais – confirmou à publicação “um ex-secretário do governo paulista que ocupa lugar estratégico na campanha de José Serra à Presidência”.

Paulo Preto, na CPMI, criticou “a ingratidão humana” e reclamou que foi “demitido após entregar as oito maiores obras deste país”, após o mal estar causado junto à cúpula tucana.

– O (José) Aníbal (ex-líder do PSDB na Câmara) disse q eu fugi… Nunca saí de São Paulo – contrapôs Paulo Preto, antes de seguir para o ataque e acusar a “alta plumagem, que eu sei onde está, mas não aparece aqui. Eu estou aqui…”.

Ele acrescentou que move, hoje, sete processos criminais e nove por danos morais (dos quais já ganhou cinco em segunda instância), dois deles contra a revista IstoÉ.

– Não tenho medo de absolutamente nada – disse ele, ressaltando que abriu seu sigilo bancário por iniciativa própria. Afirmou também que as revistas IstoÉ, Época e Carta Capital fizeram matérias mentirosas e estão sendo processadas. Ele também negou denúncia publicada em 2010 pela imprensa de que havia “desaparecido” com R$ 4 milhões destinados à campanha de José Serra. Ele desafiou alguém a comprovar a denúncia e disse que gostaria de saber quem é seu inimigo (que teria inventado essa história).

“Segundo dois dirigentes do primeiro escalão do partido, o engenheiro arrecadou ‘antes e depois de definidos os candidatos tucanos às sucessões nacional e estadual’. Os R$ 4 milhões seriam referentes apenas ao valor arrecadado antes do lançamento oficial das candidaturas, o que impede que a dinheirama seja declarada, tanto pelo partido como pelos doadores. ‘Essa arrecadação foi puramente pessoal. Mas só faz isso quem tem poder de interferir em alguma coisa. Poder, infelizmente, ele tinha. Às vezes, os governantes delegam poder para as pessoas erradas’, afirmou à IstoÉ Evandro Losacco, membro da Executiva do PSDB e tesoureiro-adjunto do partido”, lembrou a revista, ainda em 2010. Na época, Paulo Preto afirmou aos dirigentes tucanos que “não se deixa um líder ferido na estrada. Não cometam esse erro”, e voltou ao assunto.

– O Senado do meu país está dando ao ‘líder ferido’ o direito de comprovar. Não saio desta Casa sem entregar todos os documentos comprobatórios do que eu falar – disse, acrescentando que pediu a Deus para falar na CPMI, para se defender.

Ele disse que foi uma ingratidão ter sido demitido oito dias depois de entregar “as três maiores obras deste País” em 34 meses, em referência ao Rodoanel, à revitalização da Marginal Tietê e de outras rodovias da capital paulista.

– A infraestrutura do governo Serra, no que diz respeito a rodovias, eu era o gestor. Pessoas que nunca me viram, nunca me cumprimentaram, nunca estenderam a mão a mim, colocaram essa matéria na revista IstoÉ – afirmou Paulo Preto, em resposta às dúvidas do relator da CPMI do Cachoeira, deputado Odair Cunha (PT-MG)

Segundo a revista IstoÉ, Paulo Preto seria um “falastrão, contava vantagens aos companheiros e nos corredores do Palácio dos Bandeirantes. Prometia mundos e fundos num futuro governo Aloysio. E quando Aloysio deixou a Casa Civil de Serra, muitos passaram a torcer por sua exoneração, o que aconteceu sob a batuta do governador Alberto Goldman”. Aloysio, atualmente, integra uma das facções internas do PSDB que se opôs à candidatura de Serra à prefeitura de São Paulo, mas foi derrotado nas prévias realizadas pela agremiação partidária.

Extraído do sítio Correio do Brasil

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