13 setembro 2012

REVOLTA CONTRA FILME QUE SATIRIZA ISLÃ SE ESPALHA PARA EMBAIXADA DOS EUA NO IÊMEN

Em resposta ao ataque na Líbia, o governo norte-americano enviou oficiais do FBI e do exército e navios de guerra.

Manifestantes tentam invadir a Embaixada dos Estados Unidos em Sana, capital do Iêmen. Foto: Agência EFE

Os protestos de muçulmanos contra um filme norte-americano que denigre e satiriza a religião islâmica chegaram nesta quinta-feira (13/09) ao Iêmen, onde centenas de jovens invadiram a Embaixada dos Estados Unidos em Sana, capital do país. 

As manifestações contra a produção cinematográfica A Inocência dos Muçulmanos já ocorreram no Egito e na Líbia, onde um embaixador e três funcionários norte-americanos acabaram mortos na terça (11/09), o que deflagrou uma crise internacional.

O governo de Barack Obama enviou oficiais do FBI e do exército para a Líbia para “fazer justiça” após a morte dos funcionários diplomáticos. Jornais internacionais reportaram que navios de guerra norte-americanos já foram vistos na costa do país norte-africano nesta quinta-feira (13/09).

Manifestantes gritam em protesto contra filme norte-americano que satiriza religião islâmica e seus seguidores. Foto: Agência EFE

Segundo a agência de notícias France Press, hoje centenas de iranianos também protestaram contra o filme em frente à Embaixada da Suíça no país, que não possui representação oficial dos EUA. Dezenas de policiais cercaram o edifício para manter a segurança e funcionários suíços deixaram o local por precaução. Não existem relatos de incidentes nem de confronto, como informou o jornal New York Times.

Já no Iêmen, os manifestantes foram reprimidos pelos seguranças da embaixada norte-americana, que fizeram disparos para o ar, e pela polícia local, que lançou bombas de gás lacrimogêneo e canhões da água. Em comunicado oficial para a agência de notícias Reuters, diplomatas iemenitas em Washington asseguraram que não houve vítimas. Veículos de notícias, citando fontes anônimas de segurança, relatam que pelo menos 15 pessoas ficaram feridas.

Os manifestantes conseguiram invadir a embaixada por cerca de 50 minutos, mas permaneceram na parte de fora dos edifícios. Algumas janelas foram quebradas e um grupo de jovens queimou a bandeira dos EUA, informou o jornal norte-americano Huffington Post. O presidente iemenita Abd Rabbo Mansour Hadi condenou o protesto e responsabilizou “grupos demagógicos”.

Egito 

A polícia egípcia também reprimiu manifestantes que continuavam a protestar em um local próximo a Embaixada dos EUA na noite desta quarta-feira (12/09) com bombas de gás lacrimogêneo. A Mena, agência de notícias estatal, disse que 29 pessoas ficaram feridas e 12 foram detidas durante a madrugada. 

O confronto teve início depois que os oficiais egípcios tentaram dispersar um acampamento de manifestantes próximo à sede diplomática norte-americana. Dezenas de jovens permaneciam no local desde a manifestação de terça (11/09) em protesto pacífico contra o filme.

Mohammed Mursi, presidente do país, garantiu nesta quinta (13/09) ao governo dos EUA que garantirá a segurança dos funcionários e diplomatas norte-americanos. As ruas de acesso à embaixada no Cairo amanheceram fechadas e repletas de forças de segurança.

Líbia

Enquanto isso, autoridades líbias anunciaram a criação de uma comissão independente para apurar a morte do embaixador e dos três funcionários norte-americanos durante manifestação no consulado dos EUA na terça-feira (11/09). O grupo será constituído por um juiz e vários especialistas dos ministérios do Interior e da Justiça, informou o porta-voz da Alta Comissão de Segurança do Ministério do Interior, Abdelmonem Al Horr. 

Segundo Al Horr, a investigação é “muito complicada”. "Houve tiros provenientes de uma propriedade nas proximidades. Precisamos de tempo para determinar as responsabilidades”, disse ele.

A Inocência dos Muçulmanos

As manifestações ao redor do mundo árabe e islâmico tiveram início nesta semana depois que o trailer do filme A Inocência dos Muçulmanos ganhou legendas em árabe em conta no YouTube. Desde então, milhares de pessoas assistiram à versão, aprovada pelo diretor, e uma emissora egípcia chegou a reproduzi-la.

O filme mostra muçulmanos atacando uma cidade e todos aqueles que possuem religião diferente, incluindo uma bela garota com uma cruz no peito que é morta. Em outras cenas, o profeta Maomé é chamado de “bastardo”, briga por um pedaço de carne com uma de suas esposas, aparece sem cuecas e faz sexo oral em uma mulher. 

Para Sam Bacile, o diretor da produção milionária, “O Islã é um câncer e ponto final”. O norte-americano, que prefere se identificar como um israelense judeu, acredita que o filme vai ajudar o Estado judeu a dominar o território da Palestina por mostrar as falhas do Islã ao mundo.

“É um filme político”, disse ele ao descrever a sátira islamofóbica, que foi financiada por mais de 100 doadores judeus e custou 5 milhões de dólares.

Extraído do sítio Opera Mundi

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