27 setembro 2012

ECONOMIA DA CHINA PERDE SEU BRILHO - Yang Chen & Gary Pansey

Tubulações de aço utilizadas para andaimes ficam do fora de uma construção apoiando um anúncio que mostra o horizonte da cidade de Pequim em 2 de setembro de 2012. (Mark Ralston/AFP/Getty Images)
Estatísticas recém-lançadas e tensões comerciais crescentes estão se combinando para mostrar uma economia chinesa que está amolecendo e perdendo sua atratividade pelo investimento estrangeiro. Observações recentes de investidores qualificados e exigentes apontam para a necessidade de baixas expectativas.

O investimento estrangeiro direto (IED) na China caiu em agosto 1,4%, em comparação com o mesmo período no ano anterior, tornando-se o terceiro mês consecutivo de declínio.

Outros números do comércio continuam a enfraquecer. As importações em agosto não cresceram pela primeira vez nos últimos sete meses. A taxa de crescimento das exportações também permaneceu fraca em agosto. A Reuters previu que o crescimento do PIB da China em 2012 pode cair para 7%, abaixo do todo-importante 8%, e o mais baixo desde 1999.

O Financial Times relata que a economia da China abrandou e caracteriza a demanda doméstica como insuficiente, as exportações como preocupantes, a eficiência de alocação de capital como caindo e os lucros como escorregando, enquanto a inadimplência sobe e a bolha econômica está estourando.

Investidores proeminentes, sentindo que estas estatísticas sem brilho ilustram que a perspectiva econômica chinesa sempre-vista-como-cor-de-rosa não existe mais e que o fenômeno de crescimento rápido está acabado, parecem estar dispostos a encarar a realidade.

Terceiro declínio consecutivo

O IED foi de 8,326 bilhões de dólares em agosto, uma queda de 1,4% em comparação com o mesmo mês do ano passado, segundo o Ministério do Comércio. Houve um total de 2.100 empresas estrangeiras recém-criadas na China, um declínio ano-a-ano de 12,72%.

De janeiro a agosto deste ano, 74,994 bilhões de dólares em IED chegaram à China, 3,4% a menos do que 2011. Durante este mesmo período, os investimentos da União Europeia (UE) e dos EUA na China mostraram uma queda de 4,1 e 2,9%, respectivamente. Somente o Japão contrariou a tendência, com um aumento de 16,2% em seu investimento na China.

Este terceiro mês consecutivo de declínio no IED é um mau sinal, já que maio foi o único mês deste ano que o IED mostrou um aumento positivo sobre o ano passado. O Ministério do Comércio também comentou que as perspectivas para o comércio exterior parecem sombrias, pois incertezas múltiplas e fatores instáveis estão afetando o ambiente de negócios. Para os próximos meses, o IED pode ser até pior do que o período entre janeiro e agosto.

Tensão em ebulição

Atualmente, a tensão está em ebulição entre parceiros comerciais da China, a UE, os EUA e o Japão e isso lançará uma sombra sobre as perspectivas do IED uma vez que esses são os maiores investidores estrangeiros.

Em 6 de setembro, a UE iniciou uma investigação sobre o suposto dumping de painéis solares da China “no que equivaleria a maior investigação antidumping da história por valor”, segundo o New York Times. Isso é certamente um tema espinhoso entre os dois parceiros comerciais.

O presidente Obama anunciou formalmente que os EUA apresentarão uma queixa à Organização Mundial do Comércio (OMC), que diz que o subsídio fornecido pelo governo chinês para autopeças e automóveis está prejudicando os interesses dos fabricantes estadunidenses, segundo a CNN.

As manifestações anti-Japão que engoliram a China desde a semana passada forçaram muitas grandes empresas japonesas a fecharem suas fábricas na China por medo de serem saqueadas ou danificadas. Isso tem preocupado muitos observadores que temem que o comércio sino-japonês sofrerá um impacto de longo termo.

PIB em baixa de 13 anos

Os dados do comércio global continuam a mostrar uma economia chinesa muito lenta. Dados divulgados pela Administração Geral das Alfândegas não mostram crescimento das importações no mês de agosto, mas uma queda de 2,6% em relação ao mesmo mês do ano passado, segundo a mídia estatal Xinhua.

Este valor foi muito inferior às previsões médias de ganho de 3,4% numa pesquisa da Dow Jones Newswire de 11 economistas e mostra que a demanda doméstica continua a definhar.

As exportações chinesas em agosto mostraram um crescimento anêmico de 2,7% em comparação com o mesmo mês do ano passado. Como as exportações contribuem para 25% do PIB chinês e criam 200 milhões de empregos, dados econômicos fracos são devastadores para a economia chinesa.

Os economistas previram que esta recessão econômica chinesa durará pelo menos até o terceiro trimestre e o PIB para o ano de 2012 cairá para uma taxa de crescimento de 7,7%, a mais baixa registrada desde 1999, segundo a Reuters.

Investidores despertam para a realidade

“O mundo das previsões está excessivamente fixado na taxa de crescimento da China ficar em 8%? Certamente, os bancos de investimento nos últimos dias tropeçaram em si tentando adivinhar o tamanho do pacote de estímulo da China e se ele manterá a China no caminho certo com valor de crescimento padrão”, escreveu Rahul Jacob, um colunista do Financial Times, em seu blogue.

“Fraser Howie, coautor de Capitalismo Vermelho, recomenda cautela. Ele diz que, embora as pessoas tenham despertado para muitos dos riscos de investir na China nos últimos anos, muitos ainda são muito otimistas e ‘ainda há muitas ilusões’. Um dos equívocos mais perigosos ainda prevalente, diz ele, é a ideia de que o governo chinês é ‘todo-poderoso e que de alguma forma são melhores administradores da economia do que no Ocidente’”, segundo o Financial Times.

Ray Dalio, fundador da maior empresa do mundo de fundos de cobertura, a Bridgewater, previu que o crescimento diminuirá para menos de 5% num discurso proferido na semana passada no Conselho das Relações Exteriores em Nova York.

O pior é que os fatores que têm alimentado o rápido crescimento da economia chinesa na última década estão desaparecendo. Primeiro, o Yuan chinês não é mais considerado subvalorizado. Segundo, o crescimento da população está num impasse. Terceiro, o investimento, que antes contribuiu para mais de 50% do PIB, atingiu seus limites.

Os investidores estão se conscientizando da dura realidade econômica na China. O passado glorioso de incessante e rápido crescimento econômico pode muito bem agora ser uma memória distante.

Extraído do sítio The Epoch Times

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