17 abril 2012

A GRANDE MÍDIA PROCUROU NA SEMANA QUE PASSOU REORGANIZAR AS FORÇAS DA OPOSIÇÃO - Elói Pietá*


A semana que passou foi quente. Novos lances específicos ocorreram dentro da permanente disputa na atualidade brasileira sobre quem vai predominar na direção da vida e do pensamento nacional: ou a pequena elite rica ou a maioria da população. A primeira tem grande presença nas instituições públicas e profundas raízes ideológicas na sociedade, se vincula às elites do capitalismo internacional, tem uma mídia poderosa. A segunda está bem representada hoje no Poder Executivo nacional, tem boa presença no Congresso e nos poderes locais, dispõe de movimentos organizados e militância com forte atuação na disputa econômica, política e ideológica. 

Na frente de batalha econômica, o governo e o capital financeiro continuaram na semana passada seu jogo de braço, onde o lado do governo quer a queda dos juros cobrados pelos bancos. Na frente de batalha política, a grande mídia privada comandou um movimento da oposição para sair da defensiva no caso Demóstenes & Cachoeira e ir para o ataque.

Quando veio à luz o elo entre o senador e o chefe da organização criminosa, o DEM quis se livrar logo de seu líder, e do assunto. O PSDB ficou perplexo. A grande mídia privada partiu em auxílio do DEM tentando embaralhar a cena com notícias negativas sobre o PT. A ação do lado governista resultou na viabilização de uma CPMI, que o campo adversário não teve como recusar, sob pena de desacreditar seu discurso moralizante já abalado pela descoberta do verdadeiro Demóstenes.

A grande mídia procurou na semana que passou reorganizar as forças da oposição. Municiada pela turma do Demóstenes, mirou no governo petista do Distrito Federal, e na empresa Delta, que toca muitas obras federais. Secundarizou os fatos e os personagens centrais do caso Demóstenes & Cachoeira. Buscou diluir o DEM e o PSDB no que seria um pluripartidário ‘partido da corrupção’. Abriu campanha dizendo que a CPMI é para desviar a atenção do mensalão. Tentou atemorizar o governo e os partidos governistas, sugerindo um clima de arrependimento por terem permitido a CPMI, do tipo ‘o governo está indo tão bem, que pena vir uma CPMI para perturbar’.

Na verdade, quem tem muito a temer com os desdobramentos do caso Demóstenes & Cachoeira é a oposição e a grande mídia privada. Em particular o DEM, que se recolhe gravemente ferido pelo caso Demóstenes, antes o fora pelo caso Arruda, à espera de quem será o próximo. Ou o PSDB, preocupado com as relações entre o governador de Goiás e Cachoeira. Ou a revista Veja, que foge e teme. Na semana anterior sua capa destacava um assunto de 2 mil anos (o santo sudário). A desta semana traz um assunto de sete anos atrás (o mensalão). Ela trata com polidez seus velhos parceiros de jornalismo, Demóstenes e o bando de Cachoeira, e investe com superagressividade contra o PT.

A oposição agora tem arranhada sua credibilidade pela dúvida sobre quantos falsos moralistas como Demóstenes há entre eles. Esta é uma excepcional oportunidade de reafirmar à sociedade que o PT, o governo Dilma, muitos aliados, e os movimentos sociais, querem moralizar os costumes políticos, inegável aspiração popular. Os governos Lula e Dilma já fizeram muito neste sentido, especialmente com o impulso e a liberdade de investigação dadas à Polícia Federal e à CGU, com a autonomia reconhecida da Procuradoria Geral da República e do Ministério Público Federal, inéditas em relação a governos anteriores. Agora dá para fazer mais. Que tal uma reforma, por exemplo, que tire do setor privado o financiamento da política?

A grande mídia e a oposição divergem da atual condução da economia essencialmente vinculada à distribuição da renda; da forma como se ampliam os direitos democráticos do povo com respeito aos movimentos sociais; da política internacional soberana que se pratica. E o país está indo muito bem nisso. Se virem quebrado o monopólio que pretenderam ter da bandeira contra a corrupção, vão perder mais terreno na grande luta de poder que se trava na atualidade brasileira. É o que temem.

* Elói Pietá, secretário geral nacional do PT.

Extraído do sítio do Partido dos Trabalhadores

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