17 dezembro 2012

PARA ALIADOS DE CHÁVEZ, VITÓRIA MOSTRA QUE "REVOLUÇÃO" JÁ PODE CAMINHAR COM AS PRÓPRIAS PERNAS

Mais além do resultado nas urnas, o chavismo enxerga o atual momento como uma ratificação do processo revolucionário.

Apoiadores do presidente venezuelano, Hugo Chávez, no Estado de Bolívar, cujo governo foi conquistado por um candidato do PSUV

Dois meses depois da reeleição do presidente venezuelano, Hugo Chávez, com 54,42% dos votos contra 44,55% de Henrique Capriles, os candidatos do PSUV (Partido Socialista Unido da Venezuela) conquistaram 20 dos 23 Estados do país nas eleições regionais desse domingo (16/12). Mais do que uma vitória nas urnas, o chavismo enxerga o atual momento – especialmente delicado devido à doença do presidente – como uma ratificação do processo de transformação iniciado há 14 anos.

Além disso, a ausência do líder venezuelano na reta final da campanha indica, para os aliados de Chávez, que o processo nomeado como “Revolução Bolivariana” já demonstra que pode caminhar com as próprias pernas.

O vice-presidente venezuelano, Nicolás Maduro, disse que as eleições ratificaram o projeto socialista. “O povo quer o programa da pátria”, afirmou. Segundo ele, a aliança opositora MUD (Mesa de Unidade Democrática) “se dissolveu por causa de uma derrota acachapante; de derrota em derrota eles vêm perdendo espaço”. Para o chefe de campanha do PSUV, Jorge Rodríguez, a vitória significa que o mapa da Venezuela “foi pintado de vermelho”.


O deputado do PSUV Julio Chávez afirmou a Opera Mundi que o resultado “mostra o quão coerente tem sido o programa da pátria, ao mesmo tempo em que deixa claro o compromisso do povo venezuelano em seguir aprofundando a revolução”.

Segundo ele, a conquista dos 20 governos e a reeleição de Chávez são a “prova do nível de consciência política” da população venezuelana, “fiel aos valores e ideais” do processo revolucionário.

“A realidade é que os chavistas provaram que o movimento deles está institucionalizado o suficiente na sociedade venezuelana, pelo menos em um nível regional, e isso mesmo sem Chávez”, disse o cientista político Miguel Tinker Salas, professor de Estudos Latino-americanos na Universidade Pomona, em Claremont, Estado da Califórnia (EUA).

Chávez, de 58 anos, está em Cuba desde a semana passada, onde foi submetido à quarta cirurgia contra o câncer. Ele anunciou ao país em 8 de dezembro que a doença havia retornado.

Apesar disso, os candidatos do líder venezuelano conquistaram 20 governos estaduais, incluindo importantes redutos da oposição, como Zulia, principal produtor de petróleo, e Carabobo, zona industrial. Os opositores conseguiram manter os governos de apenas dois dos sete Estados que comandavam, Miranda e Lara; além disso, venceram as eleições no Estado de Amazonas.

Capriles conseguiu se reeleger com pouco mais de 40 mil votos de diferença sobre seu principal adversário, o ex-vice-presidente Elias Jaua, do PSUV. No Estado de Lara, onde fica Barquisimeto, quarta maior cidade do país, o vencedor foi Henri Falcón, um ex-militar que era aliado a Chávez, mas em 2008 passou para a oposição.

Oposição

O secretário-executivo da MUD, Ramón Guillermo Aveledo, afirmou nesta segunda-feira que a oposição deve analisar imediatamente o fraco desempenho nas eleições. “Todos os partidos devem refletir; é a nossa obrigação”. Para ele, o resultado “é consequência do que foi decidido em 8 de outubro”, em referência à vitória de Chávez.

Em discurso no “balcão do povo”, no Palácio de Miraflores, o presidente venezuelano chamou a oposição ao diálogo e pediu que respeitasse a vontade da população de seguir com o processo. "Queremos que eles (a oposição) exponham seus elementos para a abertura do diálogo, a convivência e a paz. Mas é necessário que esses dirigentes falem claro e demonstrem vontade de convivência", disse na época.

De acordo com Julio Chávez, essa porta continua aberta. “A oposição venezuelana manifesta incoerência quanto a seu discurso e programa e por isso perde. O resultado dessas eleições regionais é um indicativo de que esses setores se afastaram da realidade que vivem os venezuelanos”, opinou. “Isso não é motivo de alegria para nós. Para que exista um debate de alto nível, deve existir uma oposição coerente, unificada em torno de uma ideologia, que seja porta-voz de um projeto consistente”, sugeriu.

Extraído do sítio Opera Mundi

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