13 abril 2012

A QUEBRA DA SAFRA E A OMISSÃO DA IMPRENSA

Consta que o governo do Estado gastou 178 milhões no ano passado em publicidade nos maiores grupos de comunicação. Deve ser por isso que são tão ralas as informações sobre assuntos que tiram o sono dos ocupantes do Piratini - desde a espinhosa questão do fim dos contratos dos pedágios até os prejuízos à agricultura por conta da estiagem.

Sobre a seca, que vai abalar a economia do Estado este ano, a Zero Hora, jornal mais influente, cabeça da maior rede regional de comunicação, só nesta quarta-feira, deu o assunto em manchete, assim mesmo puxando o freio de mão: "Quebra da soja freia avanço da economia gaúcha"...

A quebra da safra da soja não "freia avanço", até porque não há "avanço da economia gaúcha". Houve aumento do PIB regional por causa de quatro safras generosas. Agora, a quebra da safra de soja abre um rombo no PIB estadual com reflexos dolorosos em toda a economia regional e um efeito residual que vai se prolongar. Também abre rombo no caixa do Tesouro do Estado, já combalido. E não foi só a soja que quebrou. Há perdas no arroz, no milho e no feijão... 

Aliás, assessoria de imprensa da Emater já no dia 25 de março emitia informações mais consistentes do que as publicadas no jornal, embora amenizadas pelo linguajar burocrático. Leia a íntegra do release:


"A soja apresenta perdas irreversíveis em praticamente todas as regiões, com maior ou menor intensidade dependendo da quantidade de chuva acumulada durante o ciclo. Com isso, a estimativa de produtividade no Estado segue oscilando de forma significativa, com casos frequentes de rendimentos ao redor dos 350 kg/ha. 

O desenvolvimento foi prejudicado pela falta de chuvas, originando plantas de porte baixo, com má-formação de grãos, havendo grãos secos e verdes na mesma planta. Segundo o Informativo Conjuntural elaborado pela Emater/RS-Ascar, a colheita das variedades precoces vem confirmando os baixos rendimentos e a má-qualidade do grão, com cerca de 50% do produto sem valor comercial. Após as chuvas, as variedades tardias voltaram a florescer, o que deverá causar problemas na colheita, com presença de grãos maduros e verdes na mesma planta. 

A colheita do arroz vem se desenvolvendo normalmente, com uma produtividade média, até o momento, de 7.000 kg/ha. No entanto, há a expectativa de que a qualidade de grãos seja mais baixa que nos anos anteriores, na faixa de 57% de grãos inteiros, quando o ideal seria acima de 60%, tendo em vista a pouca disponibilidade de água para irrigação durante o ciclo em algumas lavouras. A tendência é de que, com a maior disponibilidade de água para as lavouras que estão em fase de maturação, essa qualidade melhore. Em âmbito estadual, o percentual de colheita chega, como média, a 28% do total. 

No momento, o milho encontra-se com 56% de sua área colhida, tendo ainda 25% em condições para tanto. A cultura plantada no tarde ou mesmo fora de época, que vinha enfrentando dificuldade de crescimento devido à falta de umidade e altas temperaturas, com as últimas chuvas, teve uma melhora no desenvolvimento vegetativo, possibilitando a adubação de cobertura. Normalmente esse milho do tarde, chamado pelo produtor de safrinha, visa produzir pasto verde ou se possível silagem. 

Está tecnicamente encerrada a 1ª safra de feijão no RS, que foi muito prejudicada pela estiagem ocorrida, e prossegue a implantação da safrinha. Faltando apenas 5% da área estimada a ser semeada, a evolução das plantas ainda é lenta em razão da menor umidade do solo em algumas áreas, mesmo que as precipitações tenham amenizado a situação de estiagem.

Extraído do sítio do Jornal Já

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