14 outubro 2012

A CULPA É DA IMPRENSA? - Antonio Tozzi


Miami (EUA) - Parece que agora virou moda entre os petistas criticar a imprensa, batizada de imprensa “pig”. Isto pode ser engraçadinho, mas é perigoso. Demonstra uma inclinação inequívoca para regimes totalitários, que suportam apenas imprensa obediente e bajulatória, o que é péssimo para a nação.

O exemplo mais recente é o julgamento do Mensalão. Os petistas e simpatizantes acusam os ministros do Supremo Tribunal Federal de condenar os implicados no caso Mensalão somente para aplacar a “sanha justiceira da impresa burguesa e capitalista que ainda está inconformada com o governo progressista de esquerda que se instaurou no Brasil”.

Mas, será que isto é mesmo verdade? Vamos tentar recapitular alguns fatos para ver se isto condiz com a realidade. Dizem que Lula foi uma criação do general Golbery do Couto e Silva para complicar a então esquerda brasileira que estava preparando o retorno ao Brasil depois de anos de exílio com líderes como Fernando Henrique Cardoso, Leonel Brizola, José Serra, Fernando Gabeira e outros. Isto realmente não há como confirmar, mas uma coisa é certa: Lula é o produto mais bem acabado construído pela imprensa brasileira.

Ele foi um produto vendido como sindicalista, metalúrgico, nordestino e pobre que liderou o mais importante sindicato do país, o dos metalúrgicos de São Bernardo do Campo, onde estavam sediadas importantes empresas do setor. Vamos por partes. De fato, ele nasceu em Garanhus (PE), mas é essencialmente um político paulista. Chegou ao estado de São Paulo como criança, batalhou como pobre até ser contratado pela Villares. Aí, sofreu um infeliz acidente que o colocou como desabilitado para o trabalho e pôde organizar o sindicato. Ou seja, trabalhou no máximo cinco anos como metalúrgico.

Teve o mérito de ser um político que fala a língua do povo e, para isto, sempre contou com o apoio da “imprensa burguesa”. Depois de eleito, beneficiou-se do fato de ter encontrado um Brasil organizado e foi esperto o suficiente para manter o que estava dando certo. Na área econômica, por exemplo, chamou os estão “tucanos” Henrique Meirelles e Luiz Fernando Furlan para sua equipe econômica. Aproveitou o Bolsa Família, que havia sido criado pela primeira-dama Ruth Cardoso e divulgou como se fosse uma ideia de seu governo. O plano petista de erradicação da pobreza mesmo deu com os burros na água, o chamado Fome Zero simplesmente não decolou.

Para mostrar que segue bastante os tucanos, o núcleo de poder petista apoderou-se do Mensalão, que havia sido criado pelos tucanos mineiros. E, claro, potencializou os ganhos e a influência, sob o comando de José Dirceu, de acordo com denúncia de Roberto Jefferson, um dos principais envolvidos no esquema. Lula, mais uma vez, saiu incólume, com a cândida desculpa de que “não sabia de nada”.

A imprensa está sendo atacada exatamente por ter divulgado estas coisas. Mas a mesma imprensa foi enaltecida em outras ocasiões. A hoje execrada Veja foi cumprimentada pelos petistas quando publicou a entrevista com Pedro Collor de Mello, que derrubou a República de Alagoas. Os conservadores O Estado de S. Paulo e Jornal da Tarde foram elogiados ao mostrar Paulo Maluf com o nariz de Pinóquio. A Folha de S. Paulo era tida como o farol da esquerda por ser muito crítica dos governantes, e O Globo denunciou o esquema de contrabando do então minsitro Ibrahim Abi-Ackel.

Só se ouvia elogios à destemida imprensa. Agora, porém, a coisa mudou. O advogado de Delúbio Soares, um dos próceres do PT, disse que “ jornalista bom é jornalista morto”. José Genoíno chamou os jornalistas de abutres e José Dirceu se diz vítima da orquestração da imprensa burguesa, aquela cantinela de quem não tem outro argumento.

Por fim, o PT se diz como partido de esquerda. Será mesmo? O PT tem hoje como aliados os legítimos esquerdistas José Sarney, Paulo Maluf, Fernando Collor de Mello, Edir Macedo e sua Igreja Universal do Reino de Deus, Valdemar Costa Neto e outros do mesmo naipe.

Só mesmo quem crê em conto de fadas pode acreditar no PT, um partido que um dia eu mesmo cheguei a acreditar que poderia mudar o cenário político do Brasil e hoje constato que se tornou igual ou pior do que seus antecessores.

Extraído do sítio Direto da Redação

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