10 maio 2012

COM FIM DE IMUNIDADE, SARKOZY PODERÁ ENFRENTAR JUSTIÇA FRANCESA

O presidente francês, Nicolas Sarkozy, em cerimônia de comemoração do fim da Segunda Guerra Mundial. REUTERS/Philippe Wojazer


Após deixar a presidência da França, no próximo dia 15 de maio, Nicolas Sarkozy poderá ter de enfrentar vários imbróglios judiciários. A sua imunidade de Chefe de Estado termina no dia 15 de junho e, a partir da data, o então ex-presidente poderá ser convocado como testemunha e até como réu em casos relacionados a financiamentos ilícitos de campanha e corrupção.

As investigações do caso Karachi são um dos principais problemas que Nicolas Sarkozy poderá enfrentar com a Justiça francesa. O juiz responsável pelo caso, Renaud Van Ruymbeke, aguarda por mais detalhes sobre um esquema de corrupção na venda de fragatas e submarinos franceses para o Paquistão nos anos 90. Na época, Sarkozy era ministro do Planejamento do governo de Edouard Balladur, sob a presidência de François Mitterrand.Possivelmente, avalia o jornal Le Monde, Sarkozy será intimiado a depor.

Outro assunto jurídico constrangedor para o futuro ex-presidente envolve suspeitas de financiamento ilegal para a sua campanha presidencial de 2007. Na ocasião, o tesoureiro da campanha, Eric Woerth, teria recebido envelopes com doações não declaradas de Liliane Bettencourt, herdeira do grupo L’Oréal e uma das maiores fortunas da Europa. Além de usar Woerth como intermediário, Sarkozy também é suspeito de ter ido receber pessoalmente as doações em espécie na casa da bilionária.

Ainda sobre recursos opacos de campanha, a Justiça francesa também poderá se interessar pelas denúncias do site Mediapart que publicou um documento assinado pelo ex-chefe dos serviços de informação exterior da Líbia, Mussa Kussa. O documento descreve um acordo para apoiar financeiramente a campanha eleitoral do então candiadto Sarkozy. Investigações preliminares encontraram evidências de grande proximidade entre o empresário líbio Ziad Takieddine e colaboradores próximos de Sarkozy como Claude Guéant (Ministro do Interior), Jean-François Copé (secretário-geral do UMP) e Brice Hortefeux (ex-ministro da Imigração).

Em um depoimento no começo de abril deste ano, Takieddine declarou que tinha "boas relações com o coronel Kadafi" e que mediou a aproximação diplomática da França com a Líbia. Ele também disse que organizou viagens de ministros franceses para encontrar com Muammar Kadafi. Essas denúncias também estão sob a responsabilidade do juiz Renaud Van Ruymbeke.

Em relação às acusações do site Mediapart, Sarkozy decidiu abrir um processo por calúnia e difamação contra o site de jornalismo independente. O presidente francês nega ter recebido dinheiro líbio para a sua campanha e diz que as acusações são “grotescas”.


Extraído do sítio RFI

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