No primeiro dia de 2013, nos quatro cantos do país milhares de prefeitos tomarão posse, mas, ao longo dos próximos quatro anos, as atenções se voltarão àquela que promete ser a gestão municipal que mais terá potencial para influir decisivamente na grande política nacional.
Para quem gosta de misticismos ou de numerologia, o paulistano Fernando Haddad é um prato cheio. No próximo dia 25 de janeiro, aniversário de São Paulo, já no comando da cidade ele cumprirá meio século de vida.
O simbolismo vem a calhar para a importância que terá a gestão do mais eminente membro da nova geração de políticos que o PT, por graça e obra do ex-presidente Lula, começou a dar ao país no primeiro dia do ano retrasado, com a posse da presidente Dilma Rousseff.
Não será fácil, porém, a missão do novo prefeito. Assume o comando de uma megalópole mergulhada no caos, ainda que, do ponto de vista financeiro, graças à boa situação do país não enfrente problemas de relevo.
E esse caos paulistano é bem visível, real e, aliás, foi ele que elegeu Haddad para governar a capital mais rica e problemática do país. Transporte, Saúde, Educação e Segurança Pública são os problemas mais evidentes, ainda que estejam longe de ser os únicos.
O que torna tão importante a gestão Haddad, portanto, é a resposta que dará à aflição em que se encontram mais de dez milhões de almas paulistanas que, como a maioria dos brasileiros na eleição de Lula em 2002, após anos a fio de má gestão demo-tucana apelam ao PT para consertar o estrago que a direita sempre faz quando governa.
Para ficarmos só em São Paulo, Luiza Erundina, então no PT, foi eleita para consertar o estrago de Jânio Quadros, e Marta Suplicy para consertar o de Paulo Maluf e Celso Pitta.
Tendo assumido o cargo de prefeitas de São Paulo após verdadeiras nuvens de gafanhotos que passaram pela administração da cidade, as petistas ainda tiveram que enfrentar a imprensa local, que, de longe, é a mais tendenciosa e partidarizada do país.
Erundina e Marta foram alvo da eterna campanha difamatória da imprensa conservadora do Sudeste contra o PT, desfechada contra elas com olhos postos na política nacional. E em um momento em que o PT está sob o ataque mais furioso dessa imprensa, Haddad deve virar alvo em meses.
Durante a recente campanha eleitoral, o petista revelou-se um craque. Dono de oratória e presença de espírito impecáveis, deu um banho no experiente José Serra em debates nos quais nem parecia um neófito diante de uma velha raposa da política nacional.
Agora, porém, vem a parte difícil. Não será com retórica e frases de efeito que Haddad enfrentará a situação calamitosa em que está mergulhada uma cidade para a qual poucos veem solução real a curto e médio prazos.
O grande problema é que a população não quer… Ou melhor, não pode mais esperar. Viver em São Paulo se tornou uma verdadeira tortura. O povo não está disposto a esperar muito para começar a ver ao menos algum resultado.
Eleger prioridades e apresentar alguns resultados que simbolizem que um novo caminho começa a ser trilhado em 1º de janeiro de 2013 será, também, uma questão de sobrevivência política, pois Haddad já é visto pela direita midiática como uma retumbante ameaça.
Se terminar bem avaliado seu primeiro mandato e for reeleito, já em 2018 o mais “novo” modelo de político que o PT apresenta ao país estará automaticamente credenciado a disputar a sucessão presidencial ou ao menos o governo paulista. Não é pouco.
Extraído do Blog da Cidadania
Extraído do Blog da Cidadania
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