30 novembro 2012

À ESPERA DA COLETA SELETIVA E DO FIM DOS LIXÕES NO PAÍS - Cristina Ribeiro de Carvalho

Fábio Cidrin: catadores criam alternativas para os municípios

Pesquisa constata que grande parte da população desconhece o serviço que vai substituir os depósitos atuais de lixo.

A menos de dois anos do prazo final para a implementação da coleta seletiva e o fim dos lixões em todo o país, a maioria da população ainda não conta com o serviço. As informações são apontadas por pesquisa feita pelo Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope) para o Programa Água Brasil, do Banco do Brasil, divulgada ontem na abertura da Expocatadores 2012, no ExpoCenter Norte.

O estudo, que foi apresentado pelo WWF/Brasil - organização não governamental dedicada à conservação da natureza - revela que ainda que 50% das pessoas consultadas afirmam que acreditam que a coleta seletiva é feita totalmente pelas prefeituras, mostram desconhecer o trabalho dos catadores.

O coordenador do programa Educação para Sociedade Sustentável da WWF, Fábio Cidrin, aponta que além dessas informações há outras que indicam que é preciso criar meios para que a responsabilidade nesse sentido seja feita de forma compartilhada em todo o ciclo de vida do produto. "Esse trabalho compartilhado, que fala da atuação conjunta do fabricante, a empresa que utiliza as embalagens, prefeitura e o consumidor final já é previsto na lei de resíduos sólidos", explica.

Apesar de fazer essa observação, Cidrin conta que a pesquisa indica que a população brasileira tem vontade de participar da coleta seletiva, mas sem disposição de pagar por ela. "Esse é um dos fatores que leva a essa falta de sinergia", revela.

Ele destaca, contudo, que o trabalho dos agentes catadores só tende a ajudar nos custos, já que cada tonelada de lixo reciclável coletado por essas pessoas deixa de ser custo para a prefeitura.

"A inserção desses agentes nesse trabalho, tem sobretudo um efeito social, como a geração de renda para as famílias que atuam nessa frente", diz.

Cidrin argumenta ainda que colocar em prática 100% a nova política de resíduos sólidos é ainda um desafio a ser conquistado até 2014.

A propagação da educação ambiental, segundo ele, é uma das ações que tendem a colaborar para que esse objetivo seja conquistado em sua plenitude. "Mas, para isso é preciso é preciso que haja uma ação concentrada sociedade civil organizada atuando por meio de ONGs", diz, explicando que esse papel não é de caráter exclusivo das escolas, mas de todos os agentes que compõe a sociedade. "E a política de resíduos sólidos tem justamente o papel de dar respaldo para essa ação". 

O presidente Associação Nacional dos Carroceiros e Catadores de Materiais Recicláveis, Roberto Laureano da Rocha, um dos responsáveis por organizar a feira, complementa os argumentos de Cidrin. "Nosso objetivo na feira é o de fortalecer o trabalho dos catadores, trazendo alternativas para os municípios e redução dos custos com o tratamento de resíduos. Isso acontece com a inserção desses agentes nessa frente", aponta. 

A Expocatadores 2012 acontece até amanhã e conta com a participação de dezenas de países, além de apresentar empresas fornecedoras de tecnologias de equipamentos voltadas para esse fim. "Vamos ter a experiência de vários países da America Latina e da África, que já atuam nessa frente", completa.

Carlos Militelli, diretor da EPS, organizadora da Expocatadores, conta que para que a feira fosse viabilizada, foi adotada a venda de estandes e o patrocínio diferenciado de empresas que não atuam com reciclagem como a Heineken. 

"Ela entra patrocinando um artista plástico que trabalha com vidro reciclável e cria uma escultura com garrafas da empresa. O mesmo acontece com a empresa de informática, que patrocina artista que faz escultura com este tipo de lixo e outros matérias recicláveis", explica.

Extraído do sítio Brasil Econômico

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