Quem manda no Cone Sul afinal? Essa é a pergunta por detrás das diferenças entre Brasil e Estados Unidos sobre o impeachment que apeou Fernando Lugo e instalou Federico Franco no poder do país vizinho. Pressão do chanceler Patriota sobre OEA pode sucumbir a enxurrada de votos para americanos de Hillary Clinton.
Agora, quando a questão paraguaia toma a agenda da Organização dos Estados Americanos (OEA), fica ainda mais claro porque o Brasil tem firmado posição tão intransigente a respeito da condenção do processo de impeachment do presidente do Paraguai, Fernando Lugo. Um dos principais motivos é o fato de os Estados Unidos estarem do outro lado, posicionados a favor da subida ao poder do atual presidente Federico Franco. Com interesses que incluem a instalação de uma base militar no país vizinho, os americanos já deram mostraram de que mobilizarão todos os seus votos na OEA, onde detém forte influência sobre os países centrais e caribenhos, pela aprovação da mudança política.
De olho nesse movimento, liderado pelo chanceler Antonio Patriota o Brasil tenta cabalar votos até mesmo entre países pequenos, como Santa Lúcia, uma discreta ilha no mar do Caribe. Nesta quinta-feira 12, em Brasília, Patriota aproveitou a visita do chanceler Alva Baptiste para mandar recados à OEA, pedindo o alinhamento da organização aos vetos adotados pelo Mercosul e a Unasul, organismos nos quais o Brasil é a voz mais forte.
O Estados Unidos, no entanto, sabem bem o querem. Em resposta à crítica do chanceler brasileiro ao posicionamento do secretário-geral da OEA, José Miguel Insulza, de que a virada no poder do Paraguai atendeu às regras democráticas do país – ele não estaria falando em nome da Organização, disse Patriota –, a secretária de Estado adjunta para a América Latina, Roberta Jacbson, rebateu que, ao contrário, Insulza tem sim respaldo da Organização para falar. Essa queda de braço irá durar, sem dúvida, até mesmo depois de a OEA votar uma resolução a respeito do assunto.
Abaixo, notícia da Agência Brasil sobre a disputa Brasil-Estados Unidos em torno da questão paraguaia:
Mariana Branco _Agência Brasil, Brasília - O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, disse ter expectativa de que a Organização dos Estados Americanos (OEA) leve em conta a postura adotada pela União de Nações Sul-Americanas (Unasul) e pelo Mercado Comum do Sul (Mercosul) quando for se posicionar oficialmente sobre a atual situação do Paraguai.
Os dois blocos internacionais suspenderam o Paraguai de seus quadros até a convocação de novas eleições, por discordarem de como foi conduzido o processo de impeachment do ex-presidente Fernando Lugo. De acordo com Antonio Patriota, não há data prevista para uma reunião em que a OEA decida sobre o assunto.
Patriota deu a declaração em coletiva de imprensa após encontro com o chanceler da ilha caribenha de Santa Lúcia, Alva Baptiste. "O Mercosul e a Unasul tomaram uma postura importante. Esperamos que os órgãos mais amplos levem em consideração o que esses subgrupos decidiram", afirmou o ministro.
No início da semana, o secretário-geral da organização, José Miguel Insulza, sugeriu que seja feito um plano de ação para facilitar o diálogo entre os países americanos e que defendeu que o Paraguai não sofra suspensão. No entanto, Patriota disse ontem (11) que as afirmações de Insulza não constituem a posição oficial da Organização dos Estados Americanos.
Antonio Patriota comentou ainda as declarações da secretária de Estado adjunta para América Latina dos Estados Unidos, Roberta Jacobson, que elogiou a postura do secretário-geral da OEA e defendeu equilíbrio e diálogo nas relações com o Paraguai. "Na conversa que tive com a secretária de Estado, Hillary Clinton, houve manifestação de séria preocupação com o respeito ao direito de ampla defesa no processo [contra Fernando Lugo]", disse.
O chanceler Alva Baptiste também se manifestou sobre o Paraguai. "Quero deixar claro que Santa Lúcia acredita na democracia. Santa Lúcia não apoia nem apoiará qualquer coisa que coloque em cheque os valores que abraçamos. Todo esforço será feito para garantir que o hemisfério continue nesse caminho [da democracia]", declarou.
Extraído do sítio Brasil 247
Extraído do sítio Brasil 247
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