Vitória de Hollande deve repercutir na estratégia europeia de combate à crise da dívida. Sarkozy reconhece responsabilidade pela derrota. Ministro do Exterior da Alemanha saúda presidente eleito.
François Hollande foi eleito o primeiro presidente socialista da França após quase duas décadas. Ele derrotou o candidato à reeleição, Nicolas Sarkozy, no segundo turno das presidenciais francesas realizado neste domingo (06/05). Com quase a totalidade das urnas apuradas no final da noite, Hollande vencia com quase 52% dos votos contra pouco mais de 48% de Sarkozy.
"Eu estou orgulhoso por trazer a esperança de volta. Muitas pessoas estavam esperando por este momento há anos. A França escolheu a mudança", disse Hollande no discurso da vitória em Paris. Com a eleição, Hollande, de 57 anos, torna-se o segundo presidente socialista da França desde 1958. Antes, somente François Mitterand esteve à frente do governo francês no período.
Nicolas Sarkozy assumiu a responsabilidade pelo resultado das eleições. Ele pediu para que seus correligionários se mantenham unidos e disse que não vai liderar a direita no parlamento francês. Sarkozy disse que telefonou para Hollande e desejou boa sorte ao novo presidente eleito.
O ministro do Exterior alemão, Guido Westerwelle, saudou a vitória de Hollande, afirmando que não tem dúvidas que os dois países vão continuar cooperando e vão "superar seus desafios comuns". O líder da oposição alemã, Sigmar Gabriel, do SPD, também saudou a vitória de Hollande, afirmando que é "de crucial importância para a Europa".
O que deve mudar
A expectativa é de que o resultado das eleições tenha impacto direto na maneira como o país vai enfrentar a crise da dívida na zona do euro daqui para frente. O novo presidente também deve determinar quanto tempo os soldados franceses continuarão no Afeganistão e qual será o novo posicionamento militar e diplomático do país nos conflitos mundiais.
A proposta de renegociação do recente pacto fiscal da União Européia é considerado um dos carros-chefes da proposta de Hollande para a zona do euro. O novo líder francês já exigiu da Alemanha "mais solidariedade". Internamente, Hollande ganhou pontos com a promessa de criar 60 mil novos postos de trabalho para professores, revisar em parte a reforma previdenciária iniciada por Sarkozy e adotar um imposto de renda de 75% para milionários.
Sarkozy reconhece culpa na derrota |
François Hollande nunca ocupou um cargo ministerial, fez sua carreira política trabalhando para o partido. Em 1988, ao mesmo tempo que Sarkozy, o socialista ingressou na Assembleia Nacional. O programa eleitoral de Hollande, intitulado "60 compromissos com a França", é considerado vago.
Crise que derruba
Nicolas Sarkozy amargura ser o 11º líder europeu a ser retirado do poder pela crise econômica e o segundo presidente da história da França a não conseguir ser reeleito. Na reta final de campanha, o conservador lutava para conquistar votos da extrema-direita e dos centristas.
Hollande, por sua vez, teve o apoio quase unânime de outros líderes de esquerda e foi surpreendido com apoio de última hora do líder centrista François Bayron, que negou aliança a Sarkozy. Bayron criticou a retórica de campanha de Sarkozy, considerando-a muito violenta. Críticos sempre salientaram o "estilo antipático" de Sarkozy, sua alegada proximidade política com os ricos e a inabilidade para reverter a lógica de favorecimento das maiores fortunas francesa em detrimento de um índice de desemprego de quase dois dígitos.
O socialista conquistou a opinião pública com suas críticas em relação às políticas de austeridade econômica que estão sendo implementadas não somente na França, mas em toda a Europa. Hollande também havia derrotado Sarkozy no primeiro turno, no dia 22 de abril, por meio milhão de votos de diferença. Pela primeira vez, um adversário conseguiu mais votos do que o presidente em exercício ainda no primeiro turno das eleições.
Extraído do sítio Deutsche Welle
Extraído do sítio Deutsche Welle
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