20 maio 2012

MERKEL NEGA DIVERGÊNCIAS ENTRE PARIS E BERLIM NO COMBATE À CRISE



Chanceler federal Angela Merkel nega "diferenças" entre Alemanha e França no que diz respeito ao combate à crise na zona do euro. Berlim e Paris não defendem posições distintas, disse a premiê.

Durante a cúpula do G8, em Camp David, a residência campestre do presidente norte-americano, localizada nas proximidades de Washington, a premiê alemã Angela Merkel afirmou que crescimento econômico e consolidação do orçamento são "dois lados de uma mesma moeda". Segundo ela, os dois aspectos "convergem para o mesmo lugar". Até a próxima cúpula da União Europeia, agendada para junho, os países do bloco irão analisar as diversas possibilidades de incentivo ao crescimento, segundo Merkel.

Incentivos ao crescimento: reivindicação de Obama e Hollande

A chefe de governo alemã participa do encontro das sete maiores nações industrializadas do mundo – EUA, Japão, Alemanha, França, Reino Unido, Itália e Canadá – bem como da Rússia, unidas sob a sigla G8. Merkel, segundo diversos observadores, vem sendo pressionada para abdicar da rígida política de austeridade que defende para o combate à crise na zona do euro. O presidente norte-americano, Barack Obama, e o novo presidente francês, o socialista François Hollande, exigem um foco mais acentuado no crescimento econômico.

Da declaração oficial de encerramento da cúpula em Camp David, não há, contudo, nenhuma observação neste sentido. Os chefes de Estado e governo presentes no encontro defenderam dois caminhos paralelos: de um lado, incentivos ao crescimento econômico; de outro, medidas visando consolidar o orçamento público. Merkel ressaltou que os países do G8, altamente endividados, não dispõem mais da possibilidade de lançar mão de programas clássicos de apoio à conjuntura, como ocorreu durante a crise financeira em 2008.

O presidente norte-americano também salientou, segundo participantes do encontro, a necessidade de que se evite "impulsos artificiais" de apoio à conjuntura. Obama e Merkel reuniram-se em um encontro a dois após o fim da cúpula, a fim de debater mais uma vez a crise na zona do euro e a situação econômica global, afirmou um porta-voz da Casa Branca, sem, contudo, fornecer maiores detalhes a respeito da conversa.

Líderes dos países do G8 em Camp David, nos EUA
Hollande defende eurobonds

Enquanto isso, o recém-eleito presidente francês, François Hollande, anunciou em Camp David que pretende sugerir, durante a cúpula informal da EU, a ser realizada na próxima semana, a introdução de títulos públicos comuns europeus, os chamados eurobonds.

"Apresentarei todas as sugestões de crescimento no encontro informal no próximo 23 de maio", disse Hollande. Berlim rejeita com determinação, pelo menos até o momento, a proposta dos eurobonds. A Alemanha teria que pagar por tais títulos juros ainda mais altos do que paga no momento por seus próprios títulos públicos. Já para os países em crise, o peso dos juros diminuiria.

O semanário Der Spiegel anunciou, sem mencionar a fonte da informação, que Hollande tem sérias resistências ao nome do ministro alemão das Finanças, Wolfgang Schäuble, como próximo presidente do Grupo do Euro. Segundo a revista, Hollande já mandou avisar aos responsáveis em Bruxelas que dificilmente aceitará um presidente alemão para o Grupo.

Schäuble vem sendo há muito cogitado como próximo presidente do grêmio, do qual participam todos os países-membros da união monetária europeia. O atual presidente do Grupo, Jean-Claude Juncker, que é também chefe de governo de Luxemburgo, pretende entregar o cargo em fins de junho próximo.

Encontro em Roma

O primeiro-ministro italiano, Mario Monti, anunciou um encontro dos três chefes de governo da Alemanha, França e Itália para junho próximo, a ser realizado em Roma. Monti afirmou durante o encontro do G8, nos EUA, estar satisfeito ao perceber que se locomove "na mesma onda" que o presidente francês Hollande. O premiê da altamente endividada Itália defendeu diversas vezes nas últimas semanas medidas mais eficazes de incentivo ao crescimento econômico.


Extraído do sítio Deutsche Welle

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