O jornal The New YorkTimes revelou na semana passada que os serviços secretos dos Estados Unidos e de Israel utilizam uma arma cibernética chamada Stuxnet há quase dois anos para infectar computadores iranianos e de outros países árabes vistos com suspeitas pelo Departamento de Estado. A ação teria apoio formal do presidente Barack Obama.
Na sexta feira (1/6), o diário The Washington Post consultou fontes oficiais do Pentágono que confirmaram a informação, acrescentando que a mais recente versão do Stuxnet está sendo usada numa operação denominada Olympic Games (Jogos Olímpicos), que tem como alvo específico o programa nuclear iraniano, que já teria perdido entre duas a seis mil centrifugas usadas para enriquecer urânio.
Pouco antes da publicação da noticia do The New York Times, a empresa de segurança na internet Kaspersky Labs distribuiu a seus clientes um alerta sobre um vírus chamado Flame, que estaria contaminando computadores no Oriente Médio com um poder nunca antes identificado na internet. Segundo a Kaspersky, o Flame é 20 vezes mais poderoso do que o Stuxnet e já teria sido detectado nos territórios palestinos, Sudão, Síria, Líbano, Arábia Saudita e Egito.
Segundo técnicos em segurança virtual contatados pelo site CNET News, especializado em notícias sobre internet, o novo vírus foi desenvolvido especificamente para roubar informações em alvos selecionados, e está ativo há pelo menos cinco anos. O site diz que o vírus é tão sofisticado que somente poderia ser desenvolvido por um órgão governamental ou empresa privada contratada por algum governo. O CNET News menciona um blog israelense chamado Tikun Olam, segundo o qual especialistas de seu país teriam participado da criação do Flame e de um outro vírus denominado Wiper, identificado por especialistas das Nações Unidas e que estaria espionando todo o sistema petrolífero do Irã.
O que mais impressiona é que as noticias publicadas agora mostram que a batalha cibernética já tem pelo menos cinco anos de existência e nós ainda acreditávamos que ela era um misto de ficção cientifica e jogo político. A empresa Kaspersky, que fabrica softwares antivírus, adverte que o Flame usa falhas do sistema operacional Windows 7 para instalar Cavalos de Troia [1] em computadores infestados. A diferença é que geralmente os vírus instalados por Cavalos de Troia funcionam autonomamente enquanto o Flame obedece ordens de um comando externo.
Segundo a empresa, nada impede que o vírus possa se espalhar pelo resto do mundo, o que poderia configurar um novo sistema de monitoramento de redes de computadores em todo o planeta. Com isso, o debate sobre a privacidade online entra em um novo patamar. Não se trata mais de discutir se ela é boa ou ruim, legal ou ilegal. A guerra cibernética já acabou com ela de fato e não nos resta alternativa senão alterar nossos comportamentos para conviver com um mundo onde as paredes são de vidro transparente.
[1] Cavalos de Troia (Trojan Horses) é um jargão cibernético para identificar um programa que se instala no computador para permitir a ação de vírus. Ele abre a porta para a infestação.
Extraído do sítio Observatório da Imprensa
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