17 abril 2012

HOTEL NACIONAL: AS DIGITAIS DE CARLINHOS CACHOEIRA NO RIO DE JANEIRO - Jorge Lourenço

Um empresário ligado ao contraventor Carlinhos Cachoeira e ao senador Demóstenes Torres (sem partido) teria usado o esquema do grupo para se beneficiar no leilão do Hotel Nacional, um projeto do arquiteto Oscar Niemeyer em São Conrado, na Zona Sul do Rio de Janeiro. Desativada desde 1995, a construção foi leiloada pelo Ministério da Fazenda através da Superintendência de Seguros Privados (Susep) em 2009. Naquela ocasião, o empresário Marcelo Limírio arrematou o hotel por R$ 84,9 milhões, R$ 33 milhões a menos do que o lance inicial do leilão anterior, no qual não houve lance. 

Projetado por Oscar Niemeyer, Hotel Nacional está desativado desde 1995
Principal acionista individual do grupo Hypermarcas, Marcelo Limírio é sócio direto tanto de Carlinhos Cachoeira quanto de Demóstenes. O contraventor e o empresário são sócios pela empresa ICF, responsável por fornecer testes para laboratórios. Entre eles, está o Vitapan, que pertence a Cachoeira. Já o senador Demóstenes é sócio de Limírio numa universidade em Contagem, Minas Gerais. 

Denominada "Nova Faculdade", a instituição de ensino é dividida entre três cotistas, dois dos quais são Limírio (60% do empreendimento) e Demóstenes (20%). O empresário foi até bem generoso com o senador, deixando que ele parcelasse em 25 vezes o investimento de R$ 200 mil na empresa. Com campanha financiada por Limírio, Vergílio não assinou pedido de CPI para investigar Cachoeira

A proximidade de Limírio com Cachoeira e Demóstenes coloca outro político na roda: o deputado federal Armando Vergílio (PSD-GO). Ele era o superintendente da Susep em 2009, mesmo ano no qual o órgão leiloou o Hotel Nacional por duas vezes, baixando seu preço de R$ 118 milhões para R$ 84 milhões em função da falta de compradores na primeira tentativa de venda. Meses após a venda, Vergílio deixaria a Susep para se candidatar à Câmara Federal e um dos seus principais doadores foi a SS Comércio de Cosméticos, que contribuiu com R$ 100 mil através de uma doação eletrônica. Coincidentemente, a SS pertence ao grupo Hypermarcas, a mesma do qual Limírio é o principal acionista. Vergílio concorreu pelo cargo de deputado federal justamente no estado no qual a quadrilha de Cachoeira exercia maior controle: Goiás.

Contrato da "Nova Faculdade" revela relação de Demóstenes com Marcelo Limírio
Além das digitais de Limírio, a lista de doadores de Armando Vergílio revela nomes curiosos. Ex-superintendente de um órgão cujo objetivo é controlar e fiscalizar o mercado de seguro, previdência privada aberta e capitalização, o deputado federal recebeu uma série de doações que atuam na área. Entre seus principais doadores estão a Porto Seguro (R$300 mil), Banco Pottencial (R$ 200 mil), Itaú Unibanco (R$ 100 mil), Liderança Capitalização (R$ 100 mil) e GPS Corretora de Seguros (R$ 100 mil). Como era integrante do PMN na época das eleições, Vergílio ainda recebeu, através do comitê financeiro único do partido, doações da Alvorada Cartões (R$ 200 mil) e Liderança Capitalização (R$ 200 mil). No total, o deputado federal recebeu R$ 1,2 milhão em recursos de empresas da mesma área que ele fiscalizava nos tempos de Susep. 

Aliança política

Antes da eclosão das denúncias da Operação Monte Carlo, o senador Demóstenes Torres era um dos favoritos para disputar a prefeitura de Goiânia. No entanto, uma possível ida para o Supremo Tribunal Federal, cogitada algumas semanas antes da revelação de suas ligações com Cachoeira, afastava essa possibilidade. Nesse momento, um dos nomes ventilados para a disputa foi o de Armando Vergílio, que recebeu o sinal verde do senador para a candidatura, segundo jornais locais. Em contrapartida, Vergílio foi um dos poucos deputados que não assinaram o pedido de abertura da CPI de Cachoeira.

Extraído do sítio Jornal do Brasil

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