Três em cada quatro argentinos respaldam a decisão tomada na última semana pelo governo nacional de retomar o controle da YPF, a empresa nacional de petróleo, privatizada na década de 1990 e atualmente controlada pela espanhola Repsol.
Segundo pesquisa divulgada hoje (12) pelo diário Página12, dos 67% que estão informados mais profundamente sobre o fato, 35,2% acreditam que a operação foi necessária porque a Repsol não realizou os investimentos necessários na exploração. 33% apontam como motivo o fato de o controle de um recurso natural estratégico não poder ficar em mãos de uma corporação privada estrangeira. 21,3% entre mil entrevistados acreditam se tratar de uma ação que visa a ocultar os reais problemas econômicos do país e 6,3% indicam a necessidade de evitar a importação de energia como fator para a expropriação da YPF.
Anunciada esta semana, a nacionalização de 51% das ações da corporação será bancada em parceria entre o governo federal e as províncias. A presidenta Cristina Fernández de Kirchner enviou ao Congresso projeto para aprovar a operação, calculada pela Espanha em uma cifra mínima de 8 bilhões de euros, e para impor uma cláusula de que uma nova privatização precise do aval de dois terços de deputados e senadores.
Para o sociólogo Roberto Bacman, dono do Centro de Estudos de Opinião Pública e responsável pelo levantamento, o resultado era esperado, mas abre espaço a surpresas, como, por exemplo, que seja respaldado por pessoas que não aprovam o governo de Cristina Fernández de Kirchner. “Penso que não é um milagre nem há milagres na política. Aqui há certos pactos com a sociedade que têm a ver com o papel do Estado e com uma mudança do que ocorreu nos anos 1990”, opina. Para ele, a questão é que embora o governo de Carlos Saúl Menem tenha conseguido apoio majoritário para privatizar boa parte dos serviços públicos, a YPF e a companhia aérea Aerolíneas Argentinas, ambas vendidas, faziam parte de um certo sentimento de “argentinidade”.
67,5% pensam que é importante que a empresa, a primeira do mundo especializada na exploração petrolífera, fique em mãos do Estado, ao passo que 23,5% aceitam que se trate de uma corporação privada, mas de controle nacional. A este respeito, Bacman acredita que o levantamento detectou uma boa expectativa da população em relação à capacidade do governo nacional de recuperar o poder de investimento da YPF. O sociólogo indica que, ainda que boa parte da população não esteja a par da falta de recursos provocada pela Repsol, todos sentiram o aumento do preço da gasolina e a falta de gás de calefação no inverno. “Por um lado, há uma boa oportunidade para o governo. Por outro, um risco. Se não se levam bem as coisas, haverá críticas importantes da sociedade porque o Executivo está tocando uma questão muito sensível.”
Extraído do sítio Rede Brasil Atual
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