Tem sido muito comentado até na imprensa amiga do Democratas – que já foi PFL e, de alguma forma, Arena – que a agremiação estaria moribunda. Para um certo setor da sociedade, supõe-se que seja uma hipótese incompreensível. Há gente que, quando fala em corrupção, cita Delúbio, Dirceu, blábláblá, blábláblá e blábláblá, mas não fala de um só “democrata” ou tucano.
Essas pessoas não entendem por que um partido teria que acabar “apenas” por um de seus quadros ter sofrido denúncia de corrupção. Diante de uma pseudo contradição, logo tecem argumentação que até poderia fazer sentido: sendo assim, o PT deveria ter acabado há muito tempo, pois ao menos depois que chegou ao poder não há outro partido que tenha sofrido tantas denúncias de corrupção.
Não dá para negar. Não existe partido, na história recente, que supere o PT como alvo de acusações de gente como Demóstenes Torres ou José Roberto Arruda, por exemplo. Todavia, o que é incompreensível é que não há partido tão atingido por corrupção comprovada quanto o DEM.
Com base em dados divulgados pelo Tribunal Superior Eleitoral, o Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral divulgou um balanço com os partidos com maior número de parlamentares cassados por corrupção desde 2000. O DEM, com 69 cassações, tem o equivalente a 9,02% de todos os políticos cassados no período de apuração, sendo o campeão.
Veja, abaixo, o ranking da corrupção COMPROVADA em cada partido.
A realidade combina com os fatos. Não há notícia de políticos de expressão de outros partidos que tenham sido flagrados nas situações em que foram flagrados José Roberto Arruda, ex-governador de Brasília, e o senador goiano Demóstenes Torres, só para ficarmos na história mais recente.
De uma forma um tanto quanto bizarra, portanto, o Democratas – ou qualquer outro nome que venha a ter no futuro, se é que terá outro nome ou algum futuro – presta um serviço à sociedade. E não é de hoje. Desde a revelação do caso Hildebrando “motosserra” Paschoal, que tinha o péssimo hábito de serrar adversários políticos ao meio (literalmente), esse partido explica ao país, de forma didática, que tipo há de gente na política se fazendo de probo e “indignado” com a “corrupção petista”.
Demóstenes Torres e José Roberto Arruda são versões civilizadas de Hildebrando Pachoal. E mostram que quando há corrupção de verdade, cedo ou tarde ela vem à tona e não é através de ilações e suposições, mas de provas para lá de materiais, como as que pesam contra esses dois entre tantos outros demos da vida.
Claro que há corrupção em qualquer partido. Aliás, em um partido desses pequenos, na lista aí em cima, alguém pode achar que existe pouca corrupção, mas, às vezes, são partidos com meia dúzia de deputados ou vereadores ou prefeitos que, apesar de tão poucos representantes, quase todos são corruptos.
Se não fosse assim, não teria um índice de corrupção para o PT, também. É o 10º colocado. Não se pode negar que tem sua cota de políticos ímprobos. Agora, usar uma sigla com tão menos corrupção para simbolizá-la só é possível porque a mídia não usa critérios técnicos e sérios para criar esse quadro nas mentes da minoria que se opõe a esse partido.
A extinção do DEM, portanto, significaria menos corrupção? Negativo. Ela se espalharia por outras agremiações. Dessa maneira, defendo que tenha vida eterna, pois, pelo menos, a corrupção estará concentrada em um lugar só e, dessa maneira, tanto para a polícia quanto para a Justiça ficará mais fácil fiscalizar. Isso sem falar do didatismo sobre corrupção que tal partido proporciona.
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